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Houve discussão para intensificar corte dos juros em novembro, diz presidente do BC

Ilan Goldfajn afirmou que se o cenário previsto de curto prazo se confirmar, corte mais forte do juro pode ser 'o primeiro passo no ano que vem'

Foto do author Adriana Fernandes
Por Fernando Nakagawa , Adriana Fernandes e Fabrício de Castro
Atualização:
Ilan citou a inflação em queda ea atividade econômica mais fraca que o esperado Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ressaltou que parte do Comitê de Política Monetária (Copom) já viu espaço para corte mais forte do juro na reunião do colegiado realizada na semana passada. Apesar dessa margem para acelerar a redução da taxa Selic, o presidente do BC notou que houve consenso "de aguardar para fazer a intensificação da (flexibilização) política monetária na próxima reunião". 

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"Tivemos debate que levou em consideração a inflação caindo, o cenário externo e a atividade mais fraca. E também a resistência de alguns preços dos núcleos, a questão dos ajustes e as reformas que a gente diz que passos têm sido positivos. 

Entramos nesse debate e a conclusão é de que havia espaço para continuar flexibilização da política monetária", disse em café da manhã com jornalistas, ao repetir o tom da ata divulgada ontem. "Houve discussão para já intensificar o ritmo na própria reunião de novembro", completou. 

O presidente do BC notou, porém, que o grupo entendeu ser mais cauteloso aguardar antes de intensificar o processo de corte de juro. O grupo majoritário do Copom, explicou, entendeu que "talvez fosse melhor esperar um pouco mais". "Já que nós estamos achando que (a inflação) pode ceder, vamos ver nos próximos (números)", explicou. "No fim, houve consenso de aguardar para fazer a intensificação da política monetária na próxima reunião". 

Ilan afirmou que se o cenário previsto pela casa para o curto prazo for confirmado, provavelmente o corte mais forte do juro pode ser "o primeiro passo no ano que vem"."Se o cenário do Copom estiver certo, provavelmente teríamos a intensificação da flexibilização para ser o primeiro passo no ano que vem", disse. Entre os argumentos pró-corte do juro citados no discurso do presidente do BC, está a inflação em queda, a atividade mais fraca que o esperado, menor resistência de alguns preços - inclusive nos núcleos - e o avanço dos ajustes e das reformas estruturais.

Inflação. Além do cenário indicar quadro positivo para a inflação, Ilan notou que há ancoragem das expectativas de inflação para 2018 e 2019. "E para 2017 as expectativas estão caindo para valores mais próximos à meta. Essa ancoragem é fundamental para ter esse espaço que temos hoje", disse. 

Ilan reforçou ainda a avaliação de que a inflação tem "surpreendido favoravelmente". A trajetória de desinflação foi vista inicialmente nos alimentos, mas o processo tem se disseminado. Além disso, ele notou que as resistências existentes nos índices de preço têm mostrado força cada vez menos intensa.

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"A inflação tem surpreendido favoravelmente. Primeiro, foi nos alimentos. Depois, foi mais disseminado", disse. "Ainda vemos a pausa de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico. Está caindo, mas na margem tem alguma resistência", disse o presidente do BC. 

Para Ilan, "pode ser que a resistência de alguns componentes do IPCA comece a diminuir porque a atividade está mais fraca que a gente imaginava". "É possível que esse cenário de resistência possa começar a ceder nos próximos meses". 

O presidente do BC reconheceu ainda que a inflação pode ter impacto adicional dos preços administrados - cuja estimativa subiu na ata divulgada ontem. Ilan notou que esses preços afetam a dinâmica da inflação. "Não necessariamente com um impacto inicial", disse, ao comentar que pode haver "impacto de segunda ordem". Mesmo com esse impacto secundário, Ilan notou que a política monetária consegue ancorar as expectativas.

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