PUBLICIDADE

Publicidade

Hypermarcas anuncia venda de divisão de preservativos por R$ 675 milhões

Aquisição foi feita pela subsidiária brasileira da Reckitt Benckiser, fabricante de produtos de limpeza como Veja e Vanish; dona das marcas de camisinhas Jontex e Olla, Hypermarcas está se desfazendo de ativos para se concentrar em medicamentos

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

A Hypermarcas anunciou nesta sexta-feira, 29, a venda de sua divisão de preservativos, que reúne marcas como Jontex, Olla e Lovetex, para a subsidiária brasileira da Reckitt Benckiser, fabricante de produtos de limpeza como Veja e Vanish, por R$ 675 milhões. O negócio é parte do esforço da companhia para fazer caixa e se concentrar na produção de medicamentos. Sem dívida e com dinheiro, a empresa fundada por João Alves de Queiroz Filho já planeja, segundo fontes, retomar aquisições – mas, desta vez, com foco no segmento de farmacêutico.

Em novembro do ano passado, a Hypermarcas deu seu maior passo nessa direção ao se desfazer da divisão de cosméticos para a gigante multinacional Coty e embolsar R$ 3,8 bilhões, que foram usados para zerar a dívida líquida da empresa.

Em 2013, companhia criou em Anápolis (GO) um complexo industrial para reunir suas operações de medicamentos Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

O negócio anunciado ontem e o que foi fechado em novembro de 2015 têm um sobrenome em comum: o da família alemã Reimann. Eles são acionistas minoritários da Reckitt Benckiser no Brasil e também da Coty, que passaram a controlar no início da década de 1990, quando compraram a fabricante de cosméticos dos fundadores franceses. O químico Ludwig Reimann foi sócio de Johann Adam Benckiser, casou com uma de suas filhas e acabou ficando com a empresa do colega.

Com faturamento de 6,5 bilhões de libras entre janeiro e setembro de 2015, a Reckitt Benckiser tem entre suas principais marcas o inseticida SBP, os produtos de limpeza Veja e Vanish, o preservativo Durex, o lubrificante KY e o produto de depilação caseira Veet. A área de saúde, que reúne as marcas de preservativos, representa 32% da receita do grupo, atrás apenas do segmento de higiene.

A negociação com a Hypermarcas vinha sendo costurada desde novembro, quando foi anunciada a transação com a Coty. Agora, segundo fontes próximas à operação, o grupo brasileiro tenta vender as divisões de fraldas e a de adoçantes. Juntas, essas duas áreas podem engordar o caixa em mais R$ 3 bilhões. Os ativos, no entanto, estão sendo oferecidos separadamente.

O segmento de fraldas, que inclui marcas como Sapeka e Plim Plim, estaria sendo negociado com a Kimberly-Clark e com a sueca Ontex, segundo fontes. A empresa contratou os bancos Bradesco, Citibank e Bank of America Merrill Lynch para conduzir a negociação. A divisão de adoçantes está em uma fase anterior da transação. Os bancos ainda não foram contratados. “Mas é uma área muito atrativa dentro da companhia, já que a Hypermarcas é líder do segmento com a marca Finn”, diz uma fonte próxima à empresa.

Com o caixa reforçado, o grupo se prepara para fazer uma grande aquisição no segmento farmacêutico. “No passado, a empresa chegou a conversar com a rival Aché, e essas conversas podem ser retomadas”, diz a fonte. Conhecida por ser uma máquina de compras, a empresa está se desfazendo desde 2011 de todos os seus negócios que não são considerados estratégicos, para se concentrar em medicamentos. Há cinco anos, a Hypermarcas vendeu a divisão de higiene e alimentos. E, no ano passado, a de cosméticos.

Publicidade

A transação com a Coty teve como principal objetivo redução da dívida líquida, que estava em R$ 3,3 bilhões. Com a venda para a Reckitt Benckiser, a empresa passa a ter um caixa líquido de R$ 1,2 bilhão – o que significa fôlego para fazer aquisições.

Compras. Nos últimos dois anos, a Hypermarcas avançou sobre a vice líder de mercado Medley, que pertence ao grupo francês Sanofi, e agora briga de igual para igual com a brasileira EMS, líder em medicamentos genéricos. Se as negociações com Aché forem adiante, a Hypermarcas passa a expandir seus portfólio de medicamentos no segmento de prescrição médica.

A empresa também anunciou a compra de 100% da farmacêutica Neolatina por R$ 60 milhões por meio de sua subsidiária Brainfarma. O negócio inclui a fábrica e o terreno da Neolatina em Anápolis (GO), que é adjacente à fábrica da Hypermarcas. A Neolatina tinha como acionistas os membros da família Limírio, que integra o bloco de controle da Hypermarcas. / COLABOROU MARINA GAZZONI

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.