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Economia e outras histórias

IBC-Br confirma mais recessão no segundo semestre

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Por José Paulo Kupfer
Atualização:

A variação do IBC-Br de agosto, divulgada ontem, consolidou, em base mais agregada, o que os indicadores setoriais de atividade já apontavam. Com um recuo de 0,8% sobre julho e 4,5% em relação a agosto de 2014, pior do que o projetado pelos analistas, o índice de atividade econômica do Banco Central eliminou as dúvidas - se é que ainda existiam - sobre o aprofundamento da recessão, no segundo semestre.  É uma mudança de ritmo que surpreende ante as estimativas do começo do ano, mas apenas sanciona as dificuldades que foram se avolumando ao longo de 2015. Nas projeções iniciais, a economia evoluiria de uma baixa mais forte no primeiro semestre ao começo de uma reversão, a partir do terceiro trimestre. Segundo essas previsões mais antigas, no segundo semestre, a atividade começaria o caminho de volta para uma fase de crescimento. Com a crise política, que potencializou uma crise de governabilidade, porém, o ajuste fiscal ficou a meio caminho e, assim, as condições de reequilíbrio da economia se deterioraram acentuadamente. Emparedada no Congresso, a política fiscal perdeu margem de manobra e jogou a política monetária num córner. A escalada da dívida pública, impulsionada por resultados fiscais primários pífios, tirou a eficácia das manobras do Banco Central com os juros para conter a inflação. As perspectivas agora são de um novo recuo forte da atividade no terceiro trimestre, acima de 1%. Também a estabilidade antes suposta para o intervalo outubro-dezembro parece se distanciar da realidade, com sinais cada vez mais generalizados de outra queda no período. A reafirmação das projeções, depois do IBC-Br de agosto, de uma contração de 3% no PIB de 2015 é um indicativo dessa mudança para pior, no curto prazo, da trajetória da atividade econômica.

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