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Ibre: política econômica intervencionista deve mudar

Por Ricardo Leopoldo
Atualização:

O chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Samuel Pessoa, afirmou que a política econômica "com forte intervenção do Estado" deverá mudar no próximo governo, mesmo com a reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Independente de haver ou não transição política, a política econômica vai melhorar e esse desvio errado que foi a nova matriz econômica vai ser corrigido", destacou. "Há reconhecimento até desse grupo político (no poder), que essa virada na política econômica não foi bem-sucedida, tem que haver uma reacomodação", disse o acadêmico. "Eu acho que esse grupo político petista mostrou muita flexibilidade. Ele conseguiu mudar e acho que tem capacidade de ajustar a política econômica às necessidades. Eu sou otimista." Segundo Pessoa, o novo governo deve retomar a política formada pelo tripé macroeconômico, que vigorou quando os ministros da Fazenda eram Pedro Malan e Antônio Palocci, que ele chamou de "período Malocci": combate mais rigoroso à inflação; câmbio flutuante, com menor intervenção do governo, e ajuste fiscal mais expressivo. Nesse contexto, ele pondera que o ano de 2015 vai requerer um ajuste muito forte da economia. "Vai doer", ponderou. Tais correções, para ele, precisarão ser tomadas porque o superávit primário sem receitas extraordinárias será neste ano de 0,8% do PIB, quando "seriam necessários 2,5% do Produto Interno Bruto para rolar a dívida interna." Além disso, ele destacou que a inflação no patamar de 6% no próximo ano terá pressões fortes, especialmente de preços administrados, "que são controlados" pelo governo. "Ocorreu uma piora fiscal sensível. Se isso não for consertado, o risco da dívida interna, que não existe hoje, vai existir em quatro anos", ponderou Pessoa. Ele citou que o governo cometeu uma "roubadinha" ao apostar na proteção de segmentos industriais, via com proteções e recursos do BNDES, que não geraram efeitos positivos para a economia. "Ao contrário, no médio prazo isso gera ineficiências, pois as empresas beneficiadas se tornam menos competitivas. Na avaliação de Samuel Pessoa, a política de geração de "campeões nacionais", via financiamentos públicos do BNDES, gerou distorções e gastos de recursos do Tesouro desnecessários. "Todas as empresas do setor de frigoríficos não precisavam de dinheiro do banco público", destacou. "A Sadia recebeu recursos do governo para corrigir um erro básico de Tesouraria com derivativos. O que só protegeu seus controladores. E isso só provocou que a Perdigão pagasse mais caro para adquirir aquela companhia", disse. Ele fez os comentários ao participar de debate na FGV-SP.

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