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Inadimplência motivou suspensão do Minha Casa Melhor, diz Dilma

Governo estuda incluir programa que dá crédito para a compra de móveis e eletrodomésticos dentro do Minha Casa Minha Vida

Por José Roberto Castro
Atualização:

Após a cerimônia de entrega de casas do Minha Casa Minha Vida em Araguari, Minas Gerais, nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que a inadimplência foi o motivo de o governo ter suspendido o Minha Casa Melhor, programa que oferecia financiamento de móveis aos beneficiados.

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"O Minha Casa Melhor nós estamos revendo. Ao contrário do Minha Casa Minha Vida, que tem baixa inadimplência, ele começou com inadimplência. Estamos avaliando incluí-lo dentro do Minha Casa Minha Vida. É um processo de avaliação", explicou a presidente, que disse ainda que o programa de habitação é um dos mais importantes de seu governo.

A suspensão do programa, criado em 2013 para oferecer taxas de juros mais vantajosas para compra de móveis e eletrodomésticos, foi revelada pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, no dia 26 de fevereiro. A presidente não comentou, mas o programa foi interrompido diante do cenário de restrição fiscal. 

Para operar o programa, a Caixa recebeu do governo uma capitalização de R$ 8 bilhões em junho de 2013. Do valor total, R$ 3 bilhões foram direcionados para financiamentos do programa. O Broadcast apurou que esses R$ 3 bilhões foram desembolsados até o final do ano passado, 18 meses após o lançamento do programa. Os outros R$ 5 bilhões foram para outra operação. Ou seja, não há mais recursos para bancar o custo financeiro e os juros mais baixos.

Dilma comentou sobre o processo de aprendizado do governo com a evolução dos programas. "Em qualquer programa você aprende com o que você faz", disse a presidente, que logo citou o ministro Patrus Ananias para falar do início difícil do Bolsa Família: "Não é, Patrus?", perguntou ao titular do Desenvolvimento Agrário, que foi responsável pelos programas de distribuição de renda no governo Lula. "Por que o Bolsa Família deu certo? Porque fazemos avaliação do programa sistematicamente", completou.

Ainda sobre os programas sociais, a presidente afirmou que garantir oportunidades e acesso a quem mais precisa é o principal "propósito que move o governo a fazer correções e ajustes".

Dinheiro economizado com ajuste fiscal ajudaa financiar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e o Pronatec, de acordo com Dilma Foto: Dida Sampaio/Estadão

"Estamos entrando em uma nova fase de enfrentamento da crise onde várias medidas diferentes serão tomadas", disse a presidente depois de ressaltar que o Brasil gerou emprego e renda mesmo após a crise econômica mundial de 2008. "Desde o início da crise internacional, em 2008, tivemos um objetivo que foi garantir emprego e salário. E conseguimos", afirmou.

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A presidente se esforçou para justificar as medidas de ajuste fiscal promovidas pela nova equipe econômica. À plateia, disse que o dinheiro economizado ajudaria a financiar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e o Pronatec. "Não queremos voltar atrás para um outro momento, mas melhorar ainda mais o que já conquistamos. Por isso estamos fazendo correções e ajustes", afirmou Dilma, que disse ainda que as correções não eram "um fim em si mesmas".

Dilma disse ainda que o governo faz um "imenso esforço" para que "o Brasil continue não só fazendo programas sociais", mas também ampliando investimentos e tendo uma economia próspera.

A presidente participou de cerimônia de entrega de casas do Minha Casa, Minha Vida em Araguari, no Triângulo Mineiro. A presença de Dilma em eventos de entrega de casas faz parte da agenda positiva articulada pelo Planalto para tentar retomar a popularidade da presidente.

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