Essa evolução tem evidentes vantagens. Além de resultar em menor gasto pelo consumidor para encher o tanque do automóvel, o aumento do consumo de etanol reduz a necessidade de importação de gasolina e, com o uso mais intenso do bagaço de cana, pode ser gerada mais eletricidade. Tudo isso diminui a emissão de gases de efeito estufa. A dúvida é se a alta do etanol é apenas conjuntural ou ajudará a criar ambiente favorável a novos investimentos no setor sucroalcooleiro, duramente prejudicado pela errática política do governo. Uma das medidas mais importantes tomadas neste ano para impulsionar as vendas de etanol foi o aumento de contribuições sobre a gasolina, como a Cide e o PIS/Cofins. Com a aceleração da inflação, empresários receiam de que o governo repita manobras recentes, como a de 2012, quando zerou a Cide sobre a gasolina.
São grandes as expectativas de aumento da demanda. Há pouco, a ANP apresentou uma projeção segundo a qual a produção nacional de etanol terá de crescer de 8% a 9% ao ano durante a próxima década para evitar um déficit de 200 mil a 600 mil barris por dia em 2024. Isso exigirá pesados investimentos num setor altamente endividado. Apesar da melhora nas vendas de etanol, prevê-se o fechamento de dez usinas no País este ano, embora três outras devam retomar a operação.
Os empresários não descartam a possibilidade de recuperação do setor nos próximos anos, com a renovação de canaviais e modernização das unidades de produção e refino, mas isso depende, em última análise, da confiança na manutenção, pelo governo, de uma política realista quanto ao preço dos combustíveis, contendo seu apetite por interferência nessa área.