Setores da indústria criticaram a elevação da taxa básica de juros de 13,75% para 14,25% ao ano, anunciada pelo Banco Central, noite desta quarta-feira. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a alta da Selic deve retrair ainda mais a atividade industrial e aprofundar a recessão. "Os juros altos encarecem o capital de giro das empresas, inibem os investimentos e desestimulam o consumo das famílias", critica a CNI.
Para a confederação das indústrias, a política monetária não deveria ser o único instrumento utilizado para controlar os preços, em função da forte desaceleração da economia. "A recente diminuição da meta de superávit primário não deve ser um fator para comprometer a necessidade de redução dos gastos públicos", cita a nota.
De acordo com a CNI, é preciso combinar uma política fiscal austera com a adoção de medidas pró-competitividade para estimular o investimento e a gradual recuperação da atividade econômica.
Na avaliação presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, a decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros é "mais um duro golpe e uma verdadeira catástrofe para o já combalido setor produtivo".
Pastoriza destacou, também em nota, que a elevação dos juros se dá de forma equivocada num momento em que o País necessita de mais e não menos investimento e pode ampliar a crise econômica e provocar em mais demissões.
"Estamos convictos de que há outros mecanismos para combater a inflação, enquanto o aumento da Selic, além de considerarmos não ser o instrumento mais eficaz, traz efeitos colaterais extremamente danosos, e talvez irreversíveis, para o setor produtivo, justamente em um momento que o País tanto necessita dar respostas para não perder as conquistas sociais obtidas ao longo dos últimos anos", afirmou, na nota.