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Indústria de alimentos vê recuperação

Faturamento real em 12 meses até abril caiu 3,73%, um recuo menor do que o registrado até março, de 4,08%; Abia acredita que o setor fecha o ano com empate ou registrando algum crescimento

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Por Márcia De Chiara
Atualização:
Fabricante de molhos de tomate teve crescimento nas vendas Foto: Marcelo Camargo/ABr

SÃO PAULO - A indústria de alimentos, a última que acusa queda nas vendas em períodos de crise e a primeira que sai da recessão, começa a dar sinais de que o pior já passou. Em 12 meses até maio, o último dado disponível, as vendas dos fabricantes de alimentos recuaram 3,73%, já descontada a inflação do período, aponta a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). Em março, na mesma base de comparação, a queda havia sido de 4,08%.

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“Chegamos no fundo poço e agora estamos voltando”, afirma Denis Ribeiro, diretor de economia da Abia. A entidade reúne 150 empresas e cooperativas que respondem por 70% da produção de alimentos do País. A maior parte da produção (80%) é destinada ao mercado doméstico.

Ribeiro explica que as vendas reais da indústria de alimentos para o varejo acumuladas em 12 meses começaram a minguar em junho do ano passado e as quedas foram gradativamente maiores mês a mês. Agora, na virada de março para abril, ele enxerga um ponto de inflexão, mas ainda no terreno negativo. “Provavelmente se não tivermos nenhuma surpresa política, poderemos na virada do semestre voltar ao ponto de partida que foi junho do ano passado, quando crescíamos em faturamento 1% em 12 meses”, prevê Ribeiro. Em 2015, a indústria de alimentos fechou o ano com queda real de 2,73% no faturamento. Para este ano espera zerar essa perda, podendo ter um ligeiro crescimento.

O economista argumenta que a indústria alimentícia não está tão ruim quanto outros setores porque comida é gênero de primeira necessidade. Além disso, o efeito de substituição de marcas líderes por outras mais em conta e a mudança de hábito de deixar de comer fora para economizar ajudam nas vendas de alimentos industrializados no mercado doméstico.

 

A Predilecta, por exemplo, fabricante de doces e molho de tomate, registrou crescimento de 8% no volume de vendas até maio e acompanhou o desempenho do mercado. Apesar de a taxa ser importante em momentos de recessão, o sócio-diretor da empresa, Antonio Carlos Tadiotti, frisa que não sentiu um aumento “significativo no consumo”.

O empresário atribui parte do avanço ao crescimento vegetativo e outra parte à mudança de hábitos do brasileiros que estão pressionados pela crise. “O pessoal está deixando de comer fora e tem no macarrão com molho pronto uma refeição barata”, explica. Outro fator que tem impulsionado as vendas é que a sua marca no segmento de atomatados aparece como uma opção mais em conta em relação às líderes, o que amplia o volume de negócios em períodos de crise.

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Emprego. Atualmente a empresa usa, em média, 80% da capacidade de produção nas cinco fábricas e a companhia no ano passado chegou a demitir 200 trabalhadores. Hoje tem cerca de 3 mil empregados. “Estamos contratando muito pouco”, conta Tadiotti.

Ribeiro, da Abia, lembra que a indústria de alimentos, a maior empregadora do País no setor de transformação, nunca despedia empregados. “Mas no ano passado foi um descalabro na economia”, afirma. Tanto é que em dezembro o setor cortou 27 mil postos de trabalho. Foram mais de 2 mil demissões por mês. Até abril, o total de empregos cortados em 12 meses chegou a 30 mil. Em abril a indústria alimentícia empregava 1,630 milhão de trabalhadores.

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