PUBLICIDADE

'Indústria está piorando mês a mês', diz IBGE

Segundo o instituto, as exportações, que poderiam dar fôlego à atividade diante do real mais desvalorizado, ainda têm um impacto tímido sobre o setor

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - As atividades industriais voltadas ao mercado interno são as que têm mostrado redução de ritmo mais intensa, afirmou nesta quarta-feira, 2, André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre esses segmentos está o de bebidas, cuja produção caiu 6,2% em julho ante junho, o segundo maior impacto negativo no mês.

"A indústria está piorando mês a mês", disse Macedo. "Essa é uma característica bem marcada de setores que estão com estoques acima do seu padrão habitual. Ainda não há um ajuste para setores importantes, como veículos. Se estou formando estoque, é porque não tenho demanda para dar conta da minha produção", acrescentou.

Segmentos de bebidas teve o segundo maior impacto negativo no mês Foto: Tasso Marcelo/Estadão

PUBLICIDADE

A redução dos investimentos e o menor consumo das famílias, em função do aumento da taxa de desemprego e da renda disponível menor, seja porque as famílias estão comprometidas com dívidas anteriores ou porque os preços estão mais elevados, são os componentes da demanda que estão por trás do menor ritmo da indústria.

"Além disso, as taxas negativas são sempre muito mais intensas do que os crescimentos", notou Macedo. De setembro para cá, a indústria acumulou oito quedas e apenas três avanços, sempre na comparação com o mês imediatamente anterior. Nesse período, o saldo acumulado é uma queda de 8,5%.

As exportações, que poderiam dar fôlego à atividade diante do real mais desvalorizado (o que torna os produtos brasileiros mais competitivos lá fora), ainda têm um impacto tímido sobre a indústria. O mais evidente é observado na celulose, cuja produção avançou 15,5% em julho ante igual mês de 2014 - no segundo trimestre de 2015, o setor teve alta de 4,4% ante igual período do ano passado.

"Mas o câmbio sozinho é totalmente incapaz de recuperar o ritmo da indústria, que vem operando num ritmo menor", observou Macedo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.