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Indústria opera com ociosidade recorde

Em julho, uso da capacidade instalada foi de 78,6%, número mais baixo já registrado

Por Carla Araujo
Atualização:
Indústria espera que recuo da atividade se estabilize Foto: Marcos de Paula/Estadão

BRASÍLIA - A indústria brasileira nunca operou com tanta ociosidade. A utilização da capacidade instalada ficou em 78,6% em julho, o menor patamar da série histórica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que começou em janeiro de 2003. Em junho, as empresas usavam 79,5% da sua capacidade de produção, enquanto em julho de 2014 esse índice era de 81,5%.

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Todos os indicadores do setor divulgados ontem pela CNI caíram entre julho e junho, o que reforça o quadro recessivo da indústria. Com o resultado do primeiro mês do segundo semestre, a indústria brasileira não tem mais esperança na retomada da atividade em 2015 e agora aposta na "estabilização" da recessão para tentar voltar a crescer em 2016. A avaliação é do gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "Obviamente, não esperamos nenhuma reação mais forte neste ano", disse. "Talvez possamos no fim do ano ter uma estabilização desse mergulho recessivo e uma gradual melhora em 2016, que ainda vai depender de muitas variáveis."

O faturamento da indústria teve queda de 0,2% em julho na comparação com junho e recuou 6,7% em relação a julho de 2014. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o faturamento real da indústria caiu 6,5% em relação ao mesmo período de 2014.

Com a retração na atividade e o aumento da ociosidade, as indústrias brasileiras também continuam demitindo. O emprego recuou pelo sexto mês consecutivo, ao cair 0,8% em julho em comparação a junho. Na comparação com julho de 2014, a queda foi de 6,3%. Já no acumulado do ano, o recuo do emprego foi de 4,9% ante os sete primeiros meses do ano passado. A diminuição do mercado de trabalho levou a uma piora na massa salarial e no rendimento dos trabalhadores.

As horas trabalhadas na produção caíram 2,3% em julho em relação ao mês anterior, também a sexta redução seguida. Na comparação com julho de 2014, a queda é ainda mais expressiva: 10,9%. Já no acumulado do ano, as horas trabalhadas na produção caíram 9%.

Para Castelo Branco, para que a economia brasileira reaja, é preciso que a indústria e os empresários retomem a confiança e voltem a investir. "Em 2015, temos uma queda de investimento bastante expressiva. Precisamos mudar o ambiente macroeconômico para que as expectativas melhorem, mas o horizonte ainda é bastante turvo", afirmou.

Câmbio. A recente alta do dólar, que ajuda os exportadores, pode ser uma "janela de saída" para a indústria e para a economia brasileira, na avaliação de Castelo Branco, mas esse efeito ainda deve demorar um pouco para acontecer. "O câmbio ajusta aquilo que chamamos de custo unitário do trabalho em moeda estrangeira, esse custo unitário vai cair e aí o produto brasileiro vai ficar mais competitivo, mas isso demora um tempo, não é algo imediato", disse.

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O economista ressaltou ainda que o câmbio não pode ser visto "como uma varinha mágica" que pode resolver os problemas da indústria.

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