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Indústrias se preparam para possível apagão do gás

Grandes grupos como a Rexam Brasil, Bayer, Crown Embalagens e Michelin começam analisar o assunto

Por Nilson Brandão Junior
Atualização:

A suspensão do fornecimento de gás semana passada e as preocupações com a garantia do suprimento nos próximos anos no País estão levando as indústrias a montar planos de contingência para um eventual apagão. Grandes grupos como a Rexam Brasil, Bayer, Crown Embalagens e Michelin começam analisar o assunto ou já aceleram projetos de conversão, conforme o caso. Na prática, o risco de não suprimento acendeu uma luz amarela no setor industrial. Veja também: Entenda a crise dos combustíveis e o corte de gás Histórico da crise O mercado de gás no Brasil   Maior fabricante de latas de alumínio instalada no País, com faturamento anual em torno de R$ 1 bilhão no ano passado, a Rexam Brasil está preparando a conversão de linhas de produção nas unidades de São Paulo e do Rio para serem abastecidas, também, por gás liquefeito de petróleo (GLP). A idéia é tornar as linhas flexíveis e, assim, tornar possível uma mudança de combustível conforme a necessidade. "É importante estar preparado para um problema potencial e já ter um plano de contingência para garantir a continuidade do negócio. Se vai ocorrer ou não é outra coisa", afirma o diretor de desenvolvimento organizacional da Rexam no Brasil, José Roberto Baeninger. A empresa já enfrentou o mesmo problema na operação no Chile. "Lá, houve o mesmo problema de crise de abastecimento de gás natural. Com a lição aprendida lá, estamos transferindo este conhecimento para cá", explica o executivo. A Bayer, que ficou sem gás durante quase 24 horas na semana passada no Rio, decidiu agilizar ainda mais os projetos de contingência que já vinham sendo desenvolvidos. "Os planos vão ser acelerados. Ganharão novo ritmo em função da situação que ocorreu conosco", afirmou o gerente de energias da Bayer, Roberto Salvador. Entre os dias 31 de outubro e primeiro de novembro, a indústria deixou de produzir 150 toneladas de poliuretano por causa da interrupção do fornecimento de gás natural. O executivo explica que a empresa já começou adotar procedimentos iniciais para substituição de o gás por óleo combustível. "Isso exige investimento. Temos de avaliar os custos e precisa ter uma sinalização de preço da Petrobras", argumentou Salvador. Na prática, a empresa já vinha trabalhando na estruturação de um plano de contingência. Ele conta que são necessários entendimentos com a Petrobrás sobre os custos do investimento e do óleo. Compensação "Já que ela não tem o gás que nos vendeu para entregar", afirmou, dizendo que a solução tem de partir da Petrobras. O executivo comentou que a relação direta da empresa é com a distribuição, mas pondera que "tem de haver uma ponte aí da Petrobras com o distribuidor". De maneira simplificada, a indústria defende que a estatal arque com gastos de investimento e o diferencial de custo entre o gás natural e o óleo combustível. Um dos maiores fabricantes de pneus do País, a Michelin também decidiu avaliar a situação depois dos últimos acontecimentos. A empresa informa que, diante da situação, começou a estudar o que fará com relação ao assunto e acionou os departamentos técnicos para analisar a questão. Os problemas com relação à energia também estão "no radar de gerenciamento de risco" da empresa Crown Embalagens, conta o presidente da empresa, Reinaldo Lopes. Ele explica que anteriormente as plantas da empresa usavam gás butano e foram convertidas para gás natural. "Podemos voltar a usar o gás butano, mas aumenta o custo", conta Lopes. Ele explica que o plano da empresa também inclui a utilização de geradores para o suprimento alternativo à energia elétrica.

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