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Inércia inflacionária deve chegar a 1 ponto porcentual em 2016

Previsão é de queda da inflação em 2016, mas ainda assim deve ficar acima dos 4,5% previstos pelo Banco Central

Por Denise Abarca e Maria Regina Silva
Atualização:

 A convergência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o centro da meta de inflação de 4,5% em 2016, como tem defendido categoricamente o Banco Central (BC) e da qual o mercado duvida, deve ser desafiada por uma série de empecilhos. Um deles é a inércia inflacionária, que, grosso modo, implica reajustes de preços com base na inflação passada, e que deve atrapalhar o trabalho do BC em diminuir fortemente o IPCA de 2016.

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Apesar da certeza dos economistas de que a inflação poderá desacelerar no próximo ano, o IPCA não cairá tanto a ponto de chegar a 4,5%, segundo analistas. No mínimo, deve chegar a 5,5%, conforme a última pesquisa Focus do BC. A taxa, se confirmada, terá um alívio expressivo se comparada à mediana de 8,31% esperada para a inflação de 2015, mas abaixo dos 4,5%.

Com o IPCA beirando 8% em 2015, a herança inflacionária de 2015 para 2016 deve chegar a 1 ponto porcentual, segundo economistas. Isso sem contar o fato de a inflação ser bastante indexada, o que por si só já embute uma pressão adicional.

Inércia. Na avaliação do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, 2016 deve herdar uma inércia inflacionária entre 0,80 e 0,90 ponto porcentual de 2015, caso a previsão de IPCA de 8,1% para este ano seja confirmada. Tal inércia é apontada como um dos fatores pelos quais a inflação não deve chegar a 4,5% em 2016, somados a uma série de outros, como as expectativas de inflação elevadas, e “ainda algum efeito da depreciação cambial e provavelmente os administrados também estarão acima de 4,5%” em 2016.

Em 2016, a inflação deverá recuar para 5,4%, nas contas do Besi. “Por ora, não projetamos o IPCA chegando em 4,5% até 2019. Mas não significa que não possa chegar. Em 2017, já teremos a inflação perto de 5,0%, o que já torna bastante provável o cenário de 4,5%”, disse Serrano.

Para Marcelo Castello Branco, economista-chefe da Saga Capital, por mais que as expectativas de inflação para 2016 estejam desacelerando, por um processo claro de convergência, é difícil imaginar o IPCA cedendo abaixo de 5,5% ou 6,0%.

Nas contas de Castello Branco, em 2015 com inflação rodando perto de 8,5%, os livres, em 7,0%, e os administrados, em 13%, a herança inflacionária para 2016 é de cerca de 1 ponto porcentual. “Já tem 1 ponto porcentual acima da meta de 4,5%. O BC está saindo com uma inflação de 5,5% para o ano que vem. Só que ainda tem repasse cambial que possivelmente vai dar largada maior. Com isso, já se atribui mais 0,5 ponto, o que leva a inflação para 6%”, detalhou. / M.R. S. e D. A.

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