A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 1,24% em janeiro, a maior taxa registrada desde fevereiro de 2003, quando esta havia fechado em 1,57%. Com o resultado, a inflação acumula alta de 7,14% em 12 meses, ficando assim acima do teto da meta determinado pelo governo, de 6,5%. A taxa em 12 meses foi a mais alta desde setembro de 2011 (7,31%).
Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado de janeiro ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que iam de uma taxa de 1,10% a 1,35% e levemente abaixo da mediana, de 1,25%.
O resultado ficou 0,46 ponto percentual acima da taxa de dezembro (0,78%). Já em janeiro de 2014, a tava havia ficado em 0,55%.
O mercado já projeta inflação de 7,01% em 2015, segundo o relatório Focus do Banco Central divulgado nesta semana.
O que ficou mais caro. Segundo o IBGE, os grupos Alimentação e Bebidas, Habitação e Transporte foram responsáveis por 85% do índice em janeiro. Já a inflação de serviços desacelerou de 1,20% em dezembro para 0,87% em janeiro.
Nos alimentos, vários produtos apresentaram aumentos expressivos, destacando-se a batata-inglesa (38,09%), o feijão-carioca (17,95%) e o tomate (12,35%). Em habitação, o destaque ficou com a energia elétrica, cuja alta de 8,27% gerou impacto de 0,24 ponto porcentual no índice final, o mais elevado no mês. Porto Alegre registrou o maior aumento da conta de luz (11,66%), seguido por São Paulo (11,46%).
Os reajustes de passagens de ônibus pesaram mais no bolso das famílias em janeiro. As tarifas de ônibus urbano aumentaram 8,02%, os bilhetes de ônibus intermunicipal ficaram 6,59% mais caros, e o ônibus interestadual subiu 1,21%. "Em transportes, o destaque é ônibus urbano", apontou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Também influenciaram a elevação das despesas com Transportes (alta de 1,83% em janeiro), os aumentos no metrô (9,23%), táxi (2,63%) e trem (8,95%). Outros itens de consumo importantes que subiram foram automóvel novo (1,03%), automóvel usado (1,38%), conserto de automóvel (1,97%) e etanol (1,47%).
Preços administrados.A inflação de bens e serviços monitorados saltou de 0,43% em dezembro para 2,50% em janeiro. A taxa em 12 meses dos monitorados alcançou 7,55%, também superior à do IPCA no período (7,14%). Em fevereiro, os preços monitorados devem voltar a pressionar a inflação.
"O consumidor passou a pagar mais pelos ônibus urbanos nas principais regiões metropolitanas. Não só pelos ônibus urbanos, mas também táxi... Todo o setor de transporte público passou a pesar mais no bolso do consumidor", lembrou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
No entanto, o destaque na inflação de janeiro foi a tarifa de energia elétrica. A taxa de água e esgoto também subiu, alta de 1,42% em janeiro, puxada por Campo Grande (elevação de 11,19%, devido a reajuste de 12,26% a partir de 3 de janeiro) e São Paulo (5,83%, devido a reajuste de 6,47% desde 27 de dezembro).
(Texto atualizado às 14h00 com informações da Agência Estado)