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Inflação mostra que Brasil não está pronto para crescer rápido, afirma Fraga

Segundo o ex-presidente do BC, o crescimento potencial do País está ao redor de 4%

Por Luciana Xavier e da Agência Estado
Atualização:

O ex-presidente do BC Armínio Fraga, sócio fundador da Gávea Investimentos e chairman da BM&FBovespa, disse que o Brasil conseguiu dar uma virada nos últimos anos, mas deve ter cuidado para não crescer rápido demais. Segundo ele, o crescimento potencial do País está ao redor de 4%. "No ano passado, o Brasil cresceu 7,5% porque foi um ano de recuperação", afirmou  Fraga durante evento sobre private equity promovido pela Câmara de Comercio Brasil-Estados Unidos, com apoio da Agência Estado, em Nova York.

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 "Mais recentemente temos visto a inflação se mostrando de novo. Isto é um sinal de que não estamos prontos para crescer realmente rápido" afirmou ele, ressaltando que a inflação deste ano deve ficar ao redor de 6%, em níveis similares ao do ano passado.

De acordo com Fraga, o governo até agora tem mostrado sua resposta ao anunciar cortes no orçamento e outras medidas para conter o avanço da inflação. Fraga disse que o governo deve manter "um pé no acelerador e outro no breque" no sentido de que há momentos em que é necessário reduzir o ritmo da economia um pouco para não forçar o Banco Central a colocar demais o pé no freio. Ele observou que a inflação é algo que deve ser monitorado todo o tempo. "É como uma doença, um vírus, está sempre lá. Você pode não estar vendo, mas está sempre lá e você nunca pode acabar completamente com ele", disse.

Fraga afirmou, no entanto, que acredita que após este ciclo - cuja duração não especificou - a inflação deve convergir de novo para o centro da meta e que os juros deverão voltar a cair, conforme compromisso da presidente Dilma Rousseff.

Fraga afirmou ainda que a taxa de investimentos no Brasil ainda é baixa. Em 2010, a taxa foi de 18,4%, quando deveria estar próxima de 25%. De acordo com ele, o País ainda precisa avançar nos investimentos em infraestrutura, educação e nas reformas. "Não temos visto este filme (as reformas) indo rápido o bastante. Na verdade, não temos visto nada nesse sentido", declarou. O ex-presidente do BC disse que não espera deste governo grandes reformas, mas que estaria satisfeito em ver várias pequenas reformas ocorrendo.

Capital  

Fraga voltou a dizer que é contra o controle de capitais para conter fluxo estrangeiro. "O controle de capital pode funcionar por um tempo, mas no longo prazo não funciona", afirmou. "Se todo o mundo fizer isso, haveria guerra comercial", emendou.

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Segundo Fraga, no lugar do controle de capitais, o governo deve criar condições para ter uma taxa de juros mais baixa. "Esse é o maior fator de atração de capital de curto prazo (juros altos) e o governo tem tentado evitar. Nada teria mais impacto do que construir condições fiscais e creditícias para que os juros fiquem mais baixos. Isso também teria enorme impacto inclusive na taxa de investimentos", afirmou.

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