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Inflação sobe para 7,70% em 12 meses, o maior nível desde maio de 2005

Em fevereiro, alta média de preços no Brasil foi de 1,22%; preço da gasolina foi responsável por 25% do IPCA, com elevação de 8,42%

Por Gustavo Santos Ferreira
Atualização:

Atualizado às 13h25

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Desde maio de 2005 a inflação em 12 meses no Brasil não alcançava nível tão alto - divulgou nesta sexta-feira, 6, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acumulado nesse intervalo até fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou elevação de 7,70%. No mês, o ritmo médio de expansão dos preços na economia nacional foi de 1,22% - abaixo dos 1,24% de janeiro.

De acordo com o IBGE, o "destaque individual" do mês foi a gasolina, cujo aumento de preços médio foi de 8,42%. Essa elevação acontece sob impacto do aumento das alíquotas do PIS/COFINS, a partir de 1º de fevereiro. Sozinha, a alta desse combustível foi responsável por um quarto (25,41%) do IPCA de fevereiro.

O grupo Transportes, do qual a gasolina faz parte, foi responsável pelo maior impacto no índice, de 0,41 ponto porcentual. Na média, os gastos do setor subiram 2,20%. Diesel (5,32%); etanol (7,19%); e combustíveis em geral (7,95%) também passaram por elevação de preços significativa.

A alta mais forte entre os nove grupos que compõem o IPCA foi em Educação, de 5,88%. O IBGE atribui esse movimento, sobretudo, ao reajuste dos cursos regulares, cujo aumento foi de 7,24% em fevereiro.

Energia. O custo da energia elétrica, em alta, subiu 3,14% no mês passado. Em São Paulo, a expansão média das tarifas foi ainda mais expressiva, de 5,84%. No Estado, essa variação pode ser explicada pelo reajuste de 3,77% de uma de suas concessionárias. A Habitação, que abrange os gastos com eletricidade, ficou 1,22% mais cara ao brasileiro, em média.

Colaboram também para a alta dos preços da moradia os reajustes do aluguel residencial (0,64%); de artigos de limpeza (0,81%); do botijão de gás (0,91%); da mão de obra para pequenos reparos (0,92%); e do condomínio (0,99%).

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Dólar. A valorização do dólar em relação ao real também teve influência na inflação de fevereiro. "Já se vê em fevereiro o impacto do dólar permeando alguns reajustes. E como a pressão está muito forte (da valorização da moeda americana ante o real), pode ser que isso tenha alguma continuidade, a depender dos agentes econômicos terem capacidade de repassar esses aumentos ou não", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

A alta de 0,87% no grupo Artigos de Residência foi puxada pelo aumento de 2,15% nos eletrodomésticos, um dos itens sob maior influência da moeda americana. Os artigos de higiene pessoal, que ficaram 0,89% mais caros, influenciaram a elevação de 0,60% no grupo Saúde e Cuidados pessoais.

Outro item que pesou mais no bolso do consumidor sob influência do dólar foi o pão francês, que ficou 1,23% mais caro em fevereiro, e que pode ter tido influência também nos itens café da manhã (2,73%) e lanche fora de casa (1,37%). "Os derivados de trigo, a agricultura como um todo depende muito do dólar, também o adubo, a ração animal", citou Eulina.

Alimentos e bebidas. O ritmo de alta dos preços da alimentação no Brasil, motivo de preocupação há alguns meses e causado principalmente pela seca, começa a arrefecer. A alta registrada em fevereiro no grupo Alimentação e Bebidas foi de 0,81%, bem abaixo dos 1,48% de janeiro. Comer fora de casa ficou 0,95% mais caro no mês passado; em casa, 0,74%.

Dentro os produtos, no entanto, alguns dos que apresentaram fortes elevações são bastante presentes à mesa dos brasileiros: cenoura (14,41%); feijão-mulatinho (10,47%); e cebola (9,92%), por exemplo.

Cidades. Entre as 13 capitais pesquisadas pelo IBGE, Salvador foi onde mais subiu o custo de vida: 1,61%. Na sequência, estão Recife (1,56%); Curitiba (1,46%); Goiânia (1,27%); São Paulo (1,19%); e Rio de Janeiro (1,13%).

(Colaborou Daniela Amorim)

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