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Interesses russos e chineses não são os do Mercosul

ANÁLISE: Ariel Slipak

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Por Redação
Atualização:

AA aproximação argentina da Rússia acompanha um alinhamento internacional com a China, executado em fevereiro. O governo Kirchner vê esses países como impulsores de uma nova ordem multipolar, a seu juízo mais justa com as nações da periferia. Há uma tentativa de se opor à década de 90, quando o país se aproximou dos EUA, com Carlos Menem. Os dois gigantes asiáticos, entretanto, não têm comparação. A China é o segundo destino das exportações e a segunda origem das importações argentinas. A Rússia é um sócio periférico em comparação com a China ou com o Brasil.

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O inconveniente dessa aproximação é que Rússia e China buscam investir em áreas de energia e infraestrutura sem nenhuma discussão prévia regional sobre as necessidade do Cone Sul para uma maior integração, não só comercial como da população. Seus investimentos erguem um perfil de infraestrutura que facilitará a circulação Atlântico-Pacífico, não necessariamente a mais prioritária para a integração do Mercosul.

China e Rússia buscam financiamento que siga facilitando a extração de produtos primários para seus países. O governo argentino aceita porque o ingresso de divisas freia simultaneamente as pressões por desvalorização da moeda e ainda mostra um suposto dinamismo no fim da presidência de Cristina. Por uma necessidade política de curto prazo - ela governa até 11 de dezembro - são definidos temas tão sensíveis no médio e no longo prazos, sem uma planificação com parceiros na região.

* É investigador das relações comerciais entre Ásia e América Latina, professor de economia da Universidade de Buenos Aires

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