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iPad será fabricado no Brasil até novembro

Informação de que a Foxconn vai contratar 100 mil pessoas no País causa controvérsias

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Por Vera Rosa , Cláudia Trevisan , Luiz Guilherme Gerbelli e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

O presidente da Foxconn, Terry Gou, chegou ao encontro com a presidente Dilma Rousseff ontem com um iPad 2 e disse que a partir de novembro o tablet da Apple também será montado nas fábricas que a Foxconn possui no Brasil. Essa operação anunciada independe do investimento de US$ 12 bilhões que a empresa pretende realizar para construção de uma fábrica de displays digitais no País.

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Gou também disse à presidente que já havia acertado a montagem do iPad no País com o presidente da Apple, Steve Jobs. Maior fabricante de eletrônicos do mundo, a Foxconn faz os produtos da maioria das grandes empresas de tecnologia.

Além da Apple, seus clientes incluem Microsoft, Nokia, Samsung, Dell, Sony e Hewlett-Packard.

‘Ressalvas’. Se o anúncio da Foxconn de 100 mil contratações estiver correto, a quantidade de empregos gerados equivale ao total de habitantes de Caraguatatuba, município do litoral paulista. Os novos empregos prometidos pela multinacional são vistos com desconfiança até pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que "aceita com ressalvas" a informação divulgada pelo ministro Aloizio Mercadante.

Segundo a Abinee, no ano passado, todo o setor eletroeletrônico empregou 175 mil trabalhadores. Para este ano, a expectativa é que 178 mil trabalhadores sejam contratados. "Falar em empregar 100 mil pessoas não é real", analisa o diretor de pesquisa da ITData, Ivair Rodrigues.

A assessoria da Foxconn no Brasil não confirma e nem desmente a informação. Antes do anúncio dos novos investimentos pretendidos para o Brasil, a multinacional esperava abrir 5 mil postos de trabalho nos próximos cinco anos.

A nova fábrica deverá ficar responsável apenas por fazer a montagem dos tablets, o que, segundo Rodrigues, requer ainda menos funcionários. "Mesmo se produzir muito, a empresa não iria precisar nem de 1 mil funcionários", diz Rodrigues.

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Fundada em 1974, a taiwanesa Foxconn está presente em 14 países e emprega 1,3 milhões de trabalhadores. A companhia atua desde 2005 no Brasil, onde já investiu US$ 700 milhões na construção de cinco fábricas, nas quais emprega 4,3 mil pessoas, segundo a assessoria. No País, fabrica máquinas digitais, aparelhos celulares e placas mãe de computadores.

Outra questão que ainda torna indefinida a produção de tablets é o impasse em relação ao Processo Produtivo Básico (PPB), que determina se as empresas deverão oferecer alguma contrapartida no caso de elas receberem benefícios fiscais.

A grande discussão é se o PPB definido pelo governo será o mesmo que vigora para computadores, celulares ou, ainda, se será criado um específico para tablets. O governo trabalha para que a definição ocorra até o fim deste mês ou no mais tardar até maio.

Além da excessiva valorização do real, outros problemas recorrentes elencados pelos empresário são a falta de infraestrutura, a excessiva burocracia para a criação de uma empresa e a complicada legislação tributária do País.

"A situação da atual da indústria brasileira é muito difícil. Com o câmbio barato, as empresas estão repensando se pretende produzir ou importar", afirma Rodrigues.

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