SÃO PAULO - Embora o Banco Central venha reiterando que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica de juros, o mercado financeiro adiantou sua estimativa de redução da Selic este ano e o dividiu em duas partes. Como uma contaminação, foi diminuindo também as previsões ao longo de 2017.
De acordo com a abertura do Relatório de Mercado Focus, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá os juros dos atuais 14,25% ao ano para 14,00% ao ano em outubro, uma previsão de queda, portanto, de 0,25 ponto porcentual. Outro corte da mesma magnitude é aguardado para a última reunião da diretoria do BC este ano. Na ocasião, de acordo com o levantamento, a Selic passará de 14,00% para 13,75% ao ano.
Na semana passada, o mercado apostava em um corte de 0,50 ponto porcentual concedido de uma só vez, no último mês de 2016.
Os economistas consultados no Focus também passaram a enxergar um corte maior na Selic ao longo do ano que vem, com a taxa encerrando 2017 a 12,25%. No levantamento anterior, a taxa estava estimada em 12,50%.
Esse movimento de queda dos juros seria possível devido às expectativas mais fracas de inflação nesse e no próximo ano. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano caiu pela quinta semana consecutiva, a 7,14%, 0,14 ponto porcentual a menos do que no levantamento anterior. Ainda assim, o dado continua acima do teto da meta do governo para 2016, de 4,5% com tolerância de dois pontos porcentuais. Já a projeção para a inflação oficial em 2017 recuou a 5,95%, após estacionar em 6% por oito semanas seguidas.
Em março, a alta do IPCA desacelerou a 0,43%, chegando a 9,39% no acumulado em 12 meses, primeira vez que ficou no patamar de 9% desde outubro.
Sobre a economia, a projeção para este ano seguiu piorando, mas a projeção para 2017 ficou estável. A retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 está estimada agora em 3,77%, contra queda de 3,73% prevista antes. Para 2017 é esperada uma expansão de apenas 0,30%.
Em relação ao câmbio, não houve mudanças. De acordo com o documento, a cotação da moeda seguiu em R$ 4,00 no fim de 2016. Para 2017, também houve manutenção da mediana em R$ 4,10 de uma divulgação para a outra.
(Com informações da Reuters)