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Jornais argentinos repercutem apoio de Lula

Por Agencia Estado
Atualização:

Os jornais argentinos La Nación e Clarín estampam como principal notícia de suas edições, o pedido de apoio à Argentina que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva fez ao presidente dos Estado Unidos, George W. Bush. O La Nación afirma que o "recente acordo do presidente Néstor Kirchner com seu par brasileiro para negociar em conjunto com os organismos financeiros está começando a dar seus frutos". Segundo uma fonte do governo, o presidente Néstor Kirchner "está muito contente". De acordo com o funcionário da Casa Rosada, o pedido de Lula aos presidentes Bush e Aznar "é a confirmação do que se falou em Caracas e demonstra que o acordo está em andamento", além disso, Kirchner considera que "isso responde às suspeita de quem minimizava o entendimento" entre o Brasil e a Argentina. O La Nación também destaca em sua capa e em matéria de página inteira com o sociólogo Hélio Jaguaribe que "não há destino para uma argentina e um Brasil isolados". O jornal Infobae considera que o gesto de Lula indica também "seus interesses", já que "a aliança com a Argentina pode servir ao Brasil para obter demandas de longas datas. Sem pressão". Para o Infobae, a mensagem de Lula "parece ser a seguinte: o Brasil não quer negociar a dívida em conjunto com a Argentina, mas considera que ambos países podem pressionar por ajustes mais suaves e acordos mais curtos e de caráter preventivo". O editorial do El Cronista, um dos jornais econômicos mais sérios do país, tratou o assunto como "as duas caras do pacto entre Lula e Kirchner". Cronista afirma que "os acordos podem traduzir a existência de um consenso prévio que o justifique ou bem expressar a necessidade de um dos assinantes de fortalecer-se. El Cronista O El Cronista afirma que o argumento conhecido dos presidentes do Brasil e da Argentina para a reunião que terão no próximo dia 10, em São Paulo, é o de que "Néstor Kirchner e Luiz Inácio Lula da Silva acreditam firmemente que América Latina deveria adotar uma política conjunta para discutir com os organismos multilaterais de crédito. Consideram que poderiam ancorar melhor todo tipo de negociações com os países desenvolvidos se se apresentam como um núcleo de poder de escala continental que pode afetar o desenvolvimento dos mercados globalizados". Porém, o jornal especula com outras hipóteses para essa união entre Kirchner e Lula: "para o atual estado da relação entre a Argentina e o FMI, que segundo algumas vozes que se escutam em Washington, ainda enfrenta várias arestas problemáticas, a possibilidade de que o pedido de ajuda tenha saído de Buenos Aires é altamente crível". O texto lembra que a reunião entre os dois presidentes ocorrerá exatamente um dia depois do vencimento da dívida que a Argentina deve pagar ao FMI no valor de US$ 3,1 bilhões. A terceira hipótese levantada pelo El Cronista diz respeito ao fato de que a equipe econômica de Lula "sinalizou que não é necessário renovar o acordo com o FMI. Agora, com um escândalo de corrupção que sacode sua administração e indicardores econômicos negativos, o que discutem é uma flexibilização no cálculo das metas fiscais, que não compute o gasto do Estado em obras públicas. ?Sinal de debilidade? Para os investidores, esse contexto pode ser um ?sinal de debilidade". Ou seja, o Cronista quer dizer que o Brasil quer aproveitar o momento em que a Argentina brigou com o FMI para manter seu superávit em 3% para não afetar o crescimento e tem conseguido ganhar as batalhas com organismo, para conseguir o mesmo. Kirchner endureceu sua posição com o FMI ao entrar em default com o organismo, no final do ano passado, e acabou conseguindo o acordo que queria. Nesse caso, o que o Cronista afirma é que hoje o Brasil necessita da Argentina para endurecer sua posição com o FMI. Para tanto, o editorial do Cronista conclui: "A Argentina sabe o que tem de fazer para aprovar a próxima revisão do Fundo. E, portanto, não necessita a ajuda de ninguém. Visto a longo prazo, o acercamento político ao Brasil é compreensível. Mas também cria um risco: se não servir para que a economia regional entre em um círculo virtuoso, o problema será outro e maior".

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