Jucá diz que PMDB vai 'marcar posição' sobre reforma da Previdência
Senador admitiu que o governo não conseguiu, até hoje, divulgar de forma didática a proposta de reforma, perdendo a batalha da comunicação
Por Vera Rosa
Atualização:
BRASÍLIA - O PMDB caminha para fechar questão a favor da reforma da Previdência, apesar das divergências internas. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR),defendeu nesta quarta a medida e disse que o PMDB precisa se posicionar sobre o assunto. "Eu acho que o PMDB tem de marcar sua posição claramente. Reforma da Previdência não é opção. É salvação", afirmou Jucá, que é presidente nacional do partido. "Do jeito que as coisas vão, se não fizermos nada, daqui a sete anos não haverá dinheiro para pagar os aposentados".
No jargão político, o termo "fechar questão" é utilizado quando o partido enquadra seus parlamentares e adota posição única sobre como cada um deve votar. Nesse caso, quem desrespeitar a ordem corre o risco de punição. Jucá admitiu que o governo não conseguiu, até hoje, divulgar de forma didática a proposta de reforma da Previdência, perdendo a batalha da comunicação. O Palácio do Planalto está agora empenhado em enterrar a ideia de que o brasileiro precisará contribuir com a Previdência durante 49 anos para se aposentar. "Não existe isso", rebateu Jucá. "O mundo todo está fazendo uma reforma da Previdência, mas em nenhum país ela ocorreu de forma tão suave como a nossa. A pergunta que se tem de fazer é a seguinte: "É justo alguém se aposentar com menos de 55 anos e a sociedade pagar?"
Veja quando se aposenta a equipe responsável pela reforma da Previdência
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Eliseu Padilha
Responsável pela condução da proposta da reforma da Previdência, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, é aposentado pela Câmara. Ele recebe ... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Henrique Meirelles
Com 71 anos, o ministro da Fazenda é aposentado desde 2002 pela iniciativa privada, tendo atuado como executivo do setor financeiro brasileiro e inter... Foto: Gabriela Bilo/EstadãoMais
Mansueto de Almeida Júnior
Aos 49 anos, o secretário de acompanhamento econômico, pela proposta inicial do governo, também só poderia se aposentar aos 65 anos, e perderia a pari... Foto: Mais
Ana Paula Vescovi
A secretária do Tesouro Nacional tem 48 anos, e entraria na regra de transição, podendo se aposentar antes dos 65 anos. Com isso, teria garantida a in... Foto: Valter Campanato/Agência BrasilMais
Michel Temer
O presidente se aposentou em 1999, quando tinha 58 anos, como procurador do Estado de São Paulo. Segundo o portal da Transparência do Governo do Estad... Foto: André Dusek/EstadãoMais
Os parlamentares e a aposentadoria
A União gasta todo anoR$ 164 milhões para pagar 1.170 aposentadorias e pensões para ex-deputados federais, ex-senadores e dependentes de ex-congressis... Foto: Andre Dusek|EstadãoMais
Arthur Maia
Arthur Maia, relator da reforma da Previdência na Câmara Foto: Marcelo Camargo/ Ag. Câmara
Eduardo Guardia
Secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Guardia tem 51 anos e, por isso, entra nas regras de transição: pode se aposentar antes dos 65 anos Foto:
Marcelo Caetano
O Secretário de Previdência Social tem 47 anos. Com as mudançasestudadas pelo relator na nova proposta, Caetano possivelmente poderá se encaixar na re... Foto: Antônio Cruz/Agência BrasilMais
Ao ser questionado sobre a proposta de mudança da idade mínima para o acesso à aposentadoria, ao longo de 20 anos, Jucá disse que a transição não será nada traumática. "Daqui a 20 anos já teremos um papa brasileiro", afirmou o presidente do PMDB, em tom de brincadeira. O Planalto enfrenta muitas dificuldades para convencer sua base aliada no Congresso a apoiar a proposta. A votação do parecer do relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), na Comissão Especial da Câmara deve ocorrer na próxima semana. Somente a partir daí Jucá marcará a reunião da Executiva Nacional do PMDB para avaliar o fechamento de questão. Enquanto isso, o líder da bancada do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), coleta assinaturas de colegas favoráveis a essa posição. "Estamos trabalhando bastante", afirmou o deputado.
Entenda a nova proposta para a regra de transição para a aposentadoria
1 / 8Entenda a nova proposta para a regra de transição para a aposentadoria
Como será a nova regra?
A alternativa exige um “pedágio” menor, de 30%, sobre o tempo de contribuição, mas fixa ao mesmo tempo idades mínimas escalonadas de aposentadoria, me... Foto: Marcos De Paula/EstadãoMais
Qual será a idade mínima da transição?
A idade mínima começa em 50 anos para mulheres e 55 anos para homens. Abaixo dessas idades, ninguém poderá solicitar aposentadoria a partir da promulg... Foto: Marcos De Paula/EstadãoMais
Então como se dará o mecanismo?
A idade mínima que valerá para o trabalhador será aquela vigente no âmbito da regra de transição no momento em que a pessoa terminar de pagar o "pedág... Foto: Marcos De Paula/EstadãoMais
Quem tem direito à nova regra de transição?
A princípio, todo mundo. Diferentemente da proposta inicial, o texto não deve limitar o acesso à transição. Mas cálculos do governo apontam que, conci... Foto: Marcos De Paula/EstadãoMais
Mudança
Relator da reforma da Previdência, o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) jádeu pistas da nova regra de transição que colocará no relatório, que ser... Foto: André Dusek/EstadãoMais
Como era a regra proposta pelo governo?
A ideia era exigir um "pedágio" de 50% sobre o tempo de contribuição que falta para a aposentadoria segundo as regras atuais. Esse tempo extra seria c... Foto: Marcos De PaulaMais
Vantagens
A proposta elimina o corte abrupto entre dois grupos para o início da transição e cria uma "rampa" de acesso à regra. No modelo anterior, uma pessoa q... Foto: Marcos Santos/USP ImagensMais
Problemas
Alguns parlamentares reclamam de a regra ter ficado mais complicada do que a proposta inicial. Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Apesar do atraso, Jucá disse que a última votação da reforma deve ocorrer em julho. "Eu defendo que o Congresso só saia em recesso depois de votar", argumentou o senador. Para aprovar as mudanças na Previdência, o governo precisa de 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações. Além de assistir à divisão do PMDB, o núcleo político do Planalto ficou ainda mais preocupado quando viu o aliado PSB fechar questão contra as reformas trabalhista e da Previdência.