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Juiz dos EUA critica ‘meias-verdades’ da Argentina sobre dívida

Thomas Griesa diz que país não cumpriu suas obrigações financeiras, ao contrário do que afirma o governo, mas pede que negociações com fundos continuem

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Por Redação
Atualização:

O juiz Distrital dos Estados Unidos Thomas Griesa, em tom severo, criticou nesta sexta-feira a decisão da Argentina de dar calote na dívida (ao ter o pagamento de juros no valor de US$ 539 milhões bloqueado), em vez de pagar os chamados credores "holdouts" (que não aderiram à reestruturação da dívida do país), como o ordenado. 

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Na audiência na corte, Griesa disse aos advogados da Cleary Gottlieb, que representa a Argentina, para "tomarem medidas para interromper as informações enganosas divulgadas pela República" sobre a batalha entre os investidores e o país.

As autoridades do país sul-americano têm afirmado repetidamente que cumpriram suas obrigações com a dívida, o que Griesa classificou com "meia-verdade"."A República deu declarações públicas que têm sido altamente enganosas, e isso tem de parar", disse o juiz.

Griesa ordenou a Argentina a pagar US$ 1,33 bilhão mais juros ao NML Capital, uma unidade da Elliott Management Corp, e ao Aurelius Capital Management, os dois principais fundos norte-americanos que não concordaram em receber novos títulos após o default de 2001. A Casa Rosada chama esses fundos de abutres.

A Argentina argumenta que, ao ter depositado os US$ 539 milhões em 30 de junho como pagamento de juros na conta do Bank of New York Mellon, o curador, cumpriu o seu dever de pagar suas dívidas. Griesa ordenou que o banco não transferisse os recursos aos detentores de bônus que aceitaram a reestruturação da dívida em 2005 e 2010.

A audiência foi convocada para "clarear para onde vamos a partir daqui", disse Griesa, dizendo que "o que ocorreu esta semana não extingue ou reduz as obrigações da República da Argentina."

'Preconceituoso'. O principal advogado da Argentina afirmou nesta sexta-feira a Griesa que não confia no mediador designado pelo tribunal, Daniel Pollack, depois que a falha em alcançar um acordo levou a um default dos títulos soberanos.

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Jonathan Blackman, principal advogado da Argentina, disse que o comunicado divulgado por Pollack na quarta-feira foi "infeliz" e que "a república da Argentina acredita... que foi nocivo e preconceituoso com a república e o impacto no mercado".

Na quarta-feira, a Argentina entrou em default pela segunda vez em 12 anos após os dois lados não terem conseguido chegar a um acordo de última hora, mantendo a determinação de Griesa de que o país não poderia pagar os credores que participaram da reestruturação a menos que também pagasse os "holdouts" ao mesmo tempo.

Griesa indicou Pollack, um experiente advogado de Nova York, como mediador no caso e respondeu à afirmação de Blackman dizendo que não há motivo para colocar outra pessoa como mediadora.

Ele disse que todos deveriam "se acalmar" em relação às ideias de desconfiança, ater-se aos fatos e que o único caminho é permanecer na trilha já traçada.

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