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Juro baixo vira desafio para investidor

Para especialistas, com a queda da taxa Selic, investidores que buscam ganhos maiores não têm outra saída a não ser arriscar mais

Por Yolanda Fordelone
Atualização:

A queda do juro básico (Selic) para 7,5% ao ano achatou ainda mais o já reduzido ganho da renda fixa. Para quem busca um ganho maior, não há outra saída. Será preciso tomar mais risco. Nesse novo cenário, especialistas dizem que o investidor deve optar entre dois caminhos: abrir mão de liquidez em produtos estruturados, como fundos imobiliários; ou arriscar mais no longo prazo, em ações e multimercados. O fato é que, qualquer que seja a escolha, o investidor vai precisar de mais atenção para escolher o produto adequado.A percepção geral é de que o juro baixo vai perdurar nos próximos anos. "Pode até subir, mas creio que ficará em 10% ao ano ou menos a partir de agora. A rentabilidade excelente dificilmente voltará, então o investidor tem de se readequar", afirma o sócio da Bogari Capital, Érico Argolo.A reportagem do Estado ouviu dez analistas. Entre as recomendações, o fundo multimercado foi quase unanimidade. Por terem a possibilidade de alocar recursos em diferentes mercados, como juro, ações e moedas, os gestores dessas carteiras poderão identificar as melhores oportunidades, de acordo com o momento. Nesse tipo de aplicação, a eficiência do gestor é determinante."Os fundos multimercados são sugeridos até para o investidor que se considera mais conservador. Também pode ser um produto de transição para o investidor que quer ingressar no mercado de ações", afirma o superintendente executivo de investimentos do Santander, Sidemar Spricigo.O lado negativo é que o leque de produtos é tão grande que, além de observar muito bem o histórico do gestor, o investidor terá de entender em quais mercados poderá investir. "É necessário olhar a composição de cada fundo, pois terá exposição em renda variável. Tem porcentual de risco maior, então tem de observar a carteira", alerta o professor de finanças do Insper, Eduardo Rissi.Risco. No longo prazo, a percepção de risco é a perda do poder de compra, por causa da inflação. "O risco passa a ser a renda fixa, já que ela poderá render menos do que a variação dos índices de preços. Com o juro a 7,5%, descontando a taxa de administração, inflação e Imposto de Renda, será muito provável perder dinheiro na renda fixa", diz o consultor Mauro Calil. "No longo prazo, as ações tendem a ser menos arriscadas", complementa Argolo. No mercado acionário, a sugestão é reforçar a carteira com ações de empresas boas pagadoras de dividendos - parcela do lucro que é dividida com os acionistas. "Os fundos de dividendos nesse primeiro momento são interessantes como diversificação, para sair da renda fixa tradicional", diz o superintendente de Gestão de Ativos de Terceiros da Caixa Econômica Federal, Marcelo de Jesus.Segundo ele, o juro baixo fez com que o retorno com dividendos já alcançasse a rentabilidade da renda fixa. "E ainda há a valorização da ação."Aplicações sem imposto. Outro alerta dos especialistas é o ganho de importância de aplicações sem Imposto de Renda. Na renda fixa, as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agropecuário) se enquadram entre os investimentos isentos. Para a maioria, a isenção do imposto torna os títulos mias interessantes que os CDBs tradicionais. Os analistas esperam que, a partir de agora, novas debêntures de infraestrutura sejam ofertadas aos investidores, também com isenção de impostos. Títulos atrelados à inflação, sejam eles do Tesouro Direto ou privados, também são indicados.Os fundos imobiliários, que tiveram um crescimento explosivo de captação em um ano, são boas sugestões desde que bem escolhidos. Assim como os multimercados, a composição do portfólio também permite diversificação - desde fundos que captam para construir obras até os compostos por obras já finalizadas. Em geral, a sugestão se concentra nos menos arriscados, como os alocados em shoppings, lojas e escritórios. / COLABOROU BIANCA PINTO LIMA

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