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Juro do cheque especial chega a 220,4%, maior nível em quase 20 anos

Em 12 meses, modalidade de crédito acumula forte alta: 61 pontos porcentuais; rotativo do cartão atingiu a marca de 345,8% ao ano

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Por Eduardo Rodrigues e Victor Martins
Atualização:

BRASÍLIA - Os juros do cheque especial atingiram 220,4% ao ano em março, o maior nível desde dezembro de 1995, quando a taxa havia ficado em 242,23% ao ano. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo Banco Central.

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A modalidade, que é uma das mais caras, atrás apenas do rotativo do cartão de crédito, apresentou forte elevação dos juros em 2015. Apenas no mês, a alta foi de 6,2 ponto porcentual. No trimestre, a elevação foi de 19,4 ponto porcentual. Já em 12 meses os juros do cheque subiram 61 pontos porcentuais. 

O rotativo do cartão, a taxa mais elevada entre todas as avaliadas pelo BC, atingiu a marca de 345,8% ao ano em março, ante 342,7% de fevereiro, uma elevação de 3,1 pontos porcentuais.

Já a taxa média de juros para a pessoa física, no crédito livre, passou de 54,3% ao ano em fevereiro para 54,4% em março - a maior desde março de 2011. Para pessoa jurídica, a taxa passou de 26,1% para 26,5%. A taxa média geral, por sua vez, subiu de 40,6% para 40,9% porcentual, também a maior desde 2011. No primeiro trimestre deste ano, a taxa subiu 3,6 pontos porcentuais. Em 12 meses, a alta é de 4,4 pontos porcentuais.

Veículos. No caso de aquisição de veículos para pessoas físicas, os juros passaram de 24,8% para 24,7% de um mês para outro. No período, o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física recuou 1,2%. 

Com isso, o total de recursos para aquisição de automóveis por esse grupo de clientes ficou em R$ 179,629 bilhões no mês passado. Em fevereiro, o volume foi de R$ 181,852 bilhões. No primeiro trimestre do ano, a queda nesse tipo de crédito é de 2,5% e, em 12 meses até março, de 5,4%.

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Inadimplência estável. Apesar da alta dos juros, a taxa de inadimplência no crédito livre se manteve em 4,4% de fevereiro para março. Para pessoa física, chegou a cair de 5,3% para 5,2% na comparação mensal, o menor patamar desde 2011. Para as empresas, passou de 3,5% para 3,6% de um mês para o outro.

Na aquisição de veículos, ficou estável em 3,9% em março. No cartão de crédito, por sua vez, recuou de 7,0% para 6,7% na mesma comparação. 

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, destacou que a inadimplência continua estável em patamares baixos desde o ano passado. "Já os atrasos entre 15 dias e 90 dias apresentam certa reação, mas sem um crescimento significativo. Altas anteriores do indicador não se refletiram em aumento da inadimplência. Antes de completar três meses de atraso os tomadores honraram seus compromissos", completou.

Estoque de crédito. O estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,2% em março ante fevereiro e chegou a R$ 3,060 trilhões. No primeiro trimestre, houve alta de 1,4% e, em 12 meses até março, de 11,2%.

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Houve aumento de 1,6% para pessoas jurídicas e alta de 0,8% para o consumidor no mês. No primeiro trimestre, a alta está em 1,0% para as empresas e em 1,9% para a pessoa física. No caso do período de 12 meses encerrados no mês passado, as taxas são de crescimento de, respectivamente, 10,0% e 12,6%.

"O primeiro trimestre de 2015 foi melhor no crédito para as empresas do que os três primeiros meses do ano passado. Em parte, isso decorre da evolução do câmbio", avaliou Maciel. Segundo ele, houve crescimento expressivo no financiamento às exportações e nos repasses externos, com altas de 2,8% e 13,8% em março, respectivamente.

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O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou 54,4% em fevereiro para 54,8% no mês passado. 

Projeções. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central explicou que a autoridade monetária fez ajustes na projeção do crédito em relação ao PIB ao fim deste ano devido à revisão do cálculo do Produto Interno Bruto feita pelo IBGE. 

"Com nova metodologia do IBGE, houve uma queda de 4 pontos porcentuais nesse indicador. Nossa projeção para o fim de 2015, que antes era de 61%, passa para 57%. A trajetória é a mesma, mas com patamares diferentes", afirmou. "É a mesma projeção, ajustada pelo novo PIB", completou Maciel. 

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