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Juro do rotativo do cartão de crédito sobe 13 pontos e chega a 360,6% ao ano

Taxa é recorde e a mais elevada entre as modalidades pesquisadas pelo BC; juro do cheque especial subiu para 232% ao ano

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e Victor Martins
Atualização:

Atualizado às 14h

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BRASÍLIA - O juro do rotativo do cartão de crédito atingiu a marca de 360,6% ao ano em maio, ante 347,5% em abril, uma elevação de 13,1 pontos porcentuais. A taxa é recorde e também a mais alta entre todas as avaliadas pelo Banco Central, que divulgou dados de crédito nesta terça-feira.

Entre as principais linhas de crédito livre para pessoa física, também tem destaque o cheque especial, cuja taxa subiu de 226% ao ano em abril para 232% no mês passado - também um recorde. Ao longo de 2015, as taxas cobradas subiram 31 pontos porcentuais.

Juro do rotativo do cartão de créditosupera o do cheque especial Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Já a taxa média de juros no crédito livre subiu de 41,8% ao ano em abril para 42,5% em maio. Com essa alta, a taxa volta a ser a maior da série iniciada em março de 2011. Desde o início do ano, em todos os meses a taxa de juros do crédito livre tem sido recorde e batido a do mês anterior. Nos primeiros cinco meses deste ano, a taxa subiu 5,2 pontos porcentuais. Em 12 meses, a alta é de 5,9 pontos.

Para pessoa física, a taxa de juros no crédito livre passou de 56,1% em abril para 57,3% em maio, também a maior da série histórica. Já para pessoa jurídica, houve alta de 26,6% para 26,9% de abril para maio.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, os ajustes pelos quais a economia vem passando, além do menor ritmo da atividade econômica, têm afetado o ritmo do crédito no País. 

"O comportamento do mercado de crédito segue o ajuste macroeconômico em curso", disse. Segundo ele, há uma maior restrição ao crédito, tanto da oferta quanto na demanda. 

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Maciel explicou ainda que para as empresas, nove modalidades de crédito apresentaram retração e oito avanço. As que cresceram foram as que estavam associadas ao câmbio, como ACC (+3,8% no mês), financiamento de importações (+2,6%) e repasse externo (+5,2%). 

"O crescimento do crédito mostra arrefecimento", constatou. Maciel registrou que o crescimento moderado do mercado de crédito ocorre em um ambiente de elevação da taxa básica de juros, a Selic. Atualmente, essa taxa está em 13,75% ao ano, após ter sofrido elevações contínuas desde outubro do ano passado, logo após a definição da eleição presidencial.

O técnico lembrou que maio costuma ser um mês melhor para comércio, com a comemoração do Dia das Mães, o que afeta as operações de cartão de crédito à vista. Para ele, no entanto, a tendência é de desaceleração do crédito direcionado, principalmente às empresas. 

"Isso se deve a uma queda no volume de concessões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)", disse.

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O movimento do câmbio, de acordo com o chefe de Departamento, afetou os dados de financiamento no mês passado, já que a desvalorização contribuiu para essa reação na margem no crédito, segundo ele.

Crédito imobiliário. Maciel comentou também que o crédito para setor imobiliário, carro chefe do segmento direcionado, mantém a tendência vista desde 2010, de moderação ano a ano, mas que segue com taxas expressivas de crescimento, acima de 20% na base de 12 meses. 

Ainda ao traçar um quadro geral para o mercado de crédito, ele salientou que, no caso da inadimplência, verificam-se taxas praticamente estáveis, com uma reação na margem no caso de crédito livre.   

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