
O Estado de S.Paulo
08 Junho 2014 | 02h04
Em pouco mais de dois anos de mandato, o presidente do BCE, Mario Draghi, adotou medidas de política monetária e creditícia fortes o bastante para tirar a Europa da crise profunda instaurada desde 2009, que levou a Grécia à bancarrota e os países ibéricos (Espanha e Portugal) à beira da insolvência.
Agora, o desafio de Draghi é enfrentar a ameaça de deflação (em 12 meses, até maio, os preços subiram apenas 0,5% na zona do euro, muito abaixo do que o BCE considera adequado, 2% ao ano).
Simultaneamente ao corte de juros, o BCE retomou operações de financiamento de prazo longo aos bancos e deixará de retirar 175 bilhões de euros aplicados no apoio ao crédito.
E o banco deverá ir mais longe, se precisar, disse Draghi na entrevista em que anunciou as medidas: "Se nós terminamos? A resposta é não".
O próximo passo poderá aproximar mais as políticas do Fed e do BCE: está em estudos, segundo Draghi, a compra de empréstimos securitizados. Nos Estados Unidos, a política deu resultado. O Fed comprou US$ 85 bilhões por mês desses empréstimos até o final do ano passado, reduzindo esse montante em US$ 10 bilhões por etapa (ou US$ 30 bilhões, no primeiro trimestre). Hoje as compras são de US$ 55 bilhões e novas reduções dependerão do ritmo da atividade econômica.
A oferta de liquidez a custos baixos é o principal instrumento de que dispõem os bancos centrais para estimular a retomada dos empréstimos. Os bancos europeus estão às voltas com um grau de inadimplência elevado (na Itália, chega a 10%). O que leva à diminuição da oferta de crédito, justamente o que o BCE combate.
Para o Brasil, a existência de mais liquidez poderá estimular o ingresso de recursos externos e a desvalorização do dólar.
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