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KLM quer expandir atuação no Brasil

Companhia aérea quer adicionar um terceiro destino para seus voos no País

Por Victor Aguiar
Atualização:
Pieter J Th. Elbers, CEO da KLM Foto:

CANCÚN, MÉXICO -  O presidente e CEO da companhia aérea holandesa KLM, Pieter Elbers, afirma que a empresa, em conjunto com a parceira Air France, estuda a possibilidade de expandir suas operações no Brasil, adicionando um terceiro destino no País em sua malha aérea - atualmente, a empresa possui operações em São Paulo (Guarulhos) e no Rio de Janeiro (Galeão). No entanto, o executivo não revelou qual poderia ser esse novo destino.

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No momento, a aliança Air France-KLM possui 34 frequências semanais conectando o Brasil com a Europa. Em São Paulo, são 14 voos por semana da Air France e outros sete da KLM, enquanto o Rio de Janeiro conta com sete frequências semanais da Air France e outras seis da KLM.

Em entrevista ao Broadcast, Elbers ainda disse estar "cautelosamente otimista" em relação ao Brasil e que a empresa possui um plano de expansão de suas atividades no País. Além disso, o executivo também comentou sobre o potencial do Brasil para atrair viajantes europeus a lazer e corporativos, afirmando que o País ainda está em seus estágios iniciais no desenvolvimento de seu potencial turístico.

Elbers está em Cancún para a 73ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) e recebeu a reportagem do Broadcast durante o evento. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

O que você enxerga em termos de demanda internacional de passageiros brasileiros para a Europa? Quais os planos da KLM para o Brasil?

Bem, obviamente, a situação no Brasil está sendo um pouco desafiadora nos últimos anos, por causa da situação política e econômica. Eu diria, no entanto, que nos últimos 6 a 8 meses, nós vemos alguns sinais de recuperação no tráfego de passageiros.

Temos uma situação relativamente forte no mercado brasileiro, como Air France-KLM. Voamos para o Rio de Janeiro e São Paulo, junto com nossa parceira Gol. No mercado brasileiro, estamos cautelosamente otimistas. Vemos sinais de recuperação, e com a cooperação com a Gol, temos condições de dar os próximos passos no mercado brasileiro.

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Quais seriam esses próximos passos?

 Nossa estratégia para o Brasil tem três pontos. Em primeiro lugar, temos que fazer o pipeline entre a Europa e o Brasil, a oferta de capacidade entre Europa e Brasil, e crescer, adicionar mais frequências para a KLM nesse pipeline.

A segunda parte é construir a conectividade com a Gol. Isso começou numa escala relativamente limitada, mas agora, com algumas das melhorias que fizemos e com algumas das iniciativas que a Gol fez para se reestruturar, temos uma conectividade muito melhor em Guarulhos e no Rio. Vemos todos esses pontos no interior do Brasil, um país tão grande, com potencial massivo em outras cidades.

A terceira parte é a proposição comercial aos consumidores. Estamos investindo (no serviço) em língua portuguesa, investindo em fazer nossa posição em mídias sociais no Brasil muito forte. Estamos pensando se devemos, de fato, revisar (nossa posição), se devemos adicionar um terceiro destino no mercado brasileiro, o que pode ser bom para os consumidores, que vão ter mais oportunidades.

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Como você vê a demanda de europeus em relação ao Brasil? O País é atrativo para europeus que viajam a lazer ou a trabalho?

Na KLM, nossos voos para o Brasil têm 40% de brasileiros e 60% de europeus, então, o tráfego de europeus é uma parte relevante dos nossos voos. Vimos muitos meses mais fracos no lado corporativo por causa do clima de investimentos no Brasil. Mas, de fato, com a estabilidade econômica, um pouco do turismo também voltou.

Minha visão pessoal é a de que o potencial do Brasil, como país, é enorme. A imagem que as pessoas têm do Brasil no exterior é a de que o país é uma marca que simboliza o futebol, as praias do Rio, a natureza da Amazônia, a diversidade populacional. Novamente, minha visão é a de que o Brasil ainda está no princípio de seu desenvolvimento em relação à atratividade de turismo.

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A crise política verificada no Brasil nos últimos meses afeta as operações da KLM de alguma maneira?

Definitivamente, tem sido desafiador nos últimos anos com a situação econômica tão estressada como estava. E quando as pessoas veem na TV imagens de protestos, elas preferem ir a outro lugar para as férias ou para investir. Então, com isso, obviamente essa situação nos afetou, como empresa aérea.

Novamente, vemos alguns sinais de recuperação econômica. Quanto à recuperação política, para mim, é difícil avaliar. Mas acho que, para o interesse do País, quanto mais estabilidade, melhor.

A infraestrutura aeroportuária no Brasil é adequada?

Eu acho que, com a demanda crescente e as oportunidades que o Brasil tem, a infraestrutura também tem que estar atualizada. Acho que todos que compartilhavam a infraestrutura do Brasil concordam que os aeroportos não estavam combinando com o País, em termos de tamanho, de população, de potencial, da posição do Brasil no mundo.

Assim, eu só posso apoiar as iniciativas que estão sendo feitas no novo terminal em São Paulo e alguns outros investimentos em aeroportos. É muito importante para o Brasil e para a economia.

Há previsão de novos investimentos a serem feitos em relação às operações no Brasil?

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Investimos há alguns anos, somos acionistas da Gol, e, como tal, cimentamos nossa parceria comercial de maneira mais estratégica. Outro investimento óbvio foi a alocação de aeronaves mais modernas, como o Boeing 787 Dreamliner.

Investimos também em mídia social, e estamos investigando um possível terceiro destino, que poderia ser operado pela Air france ou pela KLM. A KLM está aumentando sua reputação no Brasil, focando em inovação e nas midias sociais. A proximidade está sendo muito bem percebida.

O governo brasileiro editou uma Medida Provisória que tira o limite para a participação de estrangeiros no capital de companhias aéreas brasileiras. Como você vê esse movimento? Há algum plano por parte da KLM nesse sentido?

Nós temos uma fatia na Gol, assim como a Delta. A Delta é um de nossos parceiros estratégicos, e, como tal, a parceria da Delta com Gol, a parceria com Air France-KLM com Gol nos ajuda a consolidar isso. Não estou em posição de prever quando ou se faremos mais investimentos.

O Real passou por um processo de desvalorização ao longo das últimas semanas por causa das instabilidades políticas. Essas movimentações cambiais preocupam a KLM, no sentido de ameaçar o fluxo de viajantes brasileiros para a Europa?

Como companhia aérea, temos que ter uma visão de longo prazo no País e no mercado. Se o real sofrer uma desvalorização estrutural e ficar mais caro para os brasileiros irem à Europa, isso certamente afetaria nosso negócio. Por outro lado, ficaria mais barato para europeus irem ao Brasil.

Mas, para nós, o poder está na nossa rede, com todos os lugares diferentes em que operamos. Só na Europa, temos 80 destinos diferentes, e todas eles conectam Amsterdã com o Brasil. Então, mesmo se a demanda do Brasil for um pouco menor, temos a oportunidade de compensar isso com outros negócios. 

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O jornalista viajou a convite da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês)