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Leilão de linhas de metrô de SP deve atrair grupo restrito de participantes

Com vários grupos nacionais pendurados por causa da Lava Jato, concorrência pelas concessões deve ficar com novos participantes, nacionais e estrangeiros

Por Letícia Fucuchima
Atualização:

O leilão de concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô de São Paulo, marcado para esta sexta-feira, dia 19, na B3, deve atrair a participação de um grupo restrito de empresas, com perfil voltado à operação do serviço metroviário. Segundo especialistas, como a maioria dos grupos locais que poderiam se interessar por esses ativos acabaram envolvidos na Lava Jato, as apostas se concentram na CCR, que tem sinalizado vontade de participar da disputa, e em grupos internacionais.

Como o edital prevê a concessão da operação e manutenção das linhas, deixando de lado a responsabilidade pela construção, a licitação deverá atrair a atenção de empresas que atuam nessa área em específico, diz Luis Eduardo Serra Netto, sócio do Duarte Garcia Advogados. Para ocupar o vazio no mercado deixado por grandes empresas envolvidas em corrupção (como Odebrecht e OAS), o advogado aposta na atração de grupos internacionais para a disputa. “Deve haver surpresas em termos de novos licitantes, de participação de empresas que ainda não estão operando no mercado brasileiro.”

Monotrilho do Metrô é visto como uma concessão difícil Foto: rafael Arbex/Estadão

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Outro aspecto que tende a reduzir o número de participantes, e até mesmo a atratividade da licitação, é o fato de a linha 17 ter sido incluída no pacote de concessão. O monotrilho é visto pelo mercado como um ativo difícil: sua tecnologia é bastante discutida, e existe ainda o entendimento de que sua operação não para de pé sozinha.

“Não basta que o concorrente seja interessado em operar metrô, tem de ser alguém que possa contratar gente que consiga lidar com monotrilho”, pontua Letícia Queiroz, sócia do escritório Queiroz Maluf. A advogada lembra que há uma dificuldade adicional de integração tecnológica da infraestrutura com os trens – mesmo que não tenha sido encarregada de adquirir as máquinas, a concessionária terá de ter algum tipo de interação com os poucos fornecedores de monotrilho que estão no País.

Conforme informou a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM), quatro empresas fizeram visitas técnicas às linhas, etapa em que interessados na licitação podem verificar a infraestrutura existente que será assumida pela futura concessionária. São elas a CCR, a argentina Benito Roggio (que opera o metrô de Buenos Aires), a Primav, do grupo CR Almeida, e a espanhola CAF.

“A CAF é uma grande parceira do governo do Estado, forneceu o último lote de trens da linha 5. Ela é fabricante, então tem alguma familiaridade com o assunto”, comenta Serra Netto sobre a possível participação da empresa no leilão. Já para outra fonte do mercado, faria sentido esperar que a espanhola entre em consórcio com as empresas Benito Roggio e Primav, citadas pela STM.

Já o Grupo CCR é forte candidato a participar da disputa, principalmente após ter se ausentado da briga pelo trecho Norte do Rodoanel na semana passada. Além de deter 75% do controle da ViaQuatro, concessionária da linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, a companhia atua ainda na construção e operação de outros ativos de mobilidade urbana fora do Estado.

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O leilão não deve atrair uma “mão cheia” de consórcios e concorrentes, avalia Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral. Mas a questão não é propriamente a atratividade, e sim o perfil das atividades propostas na licitação. “Em uma visão mais macro, a concessão de metrô no Brasil, em cidades com o perfil de São Paulo, terão sempre alta atratividade para potenciais concessionários”, diz ele.

Os metroviários marcaram para esta quinta-feira uma greve de 24 horas contra a concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro.

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