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"Levamos uma 'voadora' do Jucá", diz Magno Malta sobre manobra na repatriação

Líder do governo deu uma 'pernada' nos senadores ao abrir brecha para que parentes de políticos participem da segunda fase da repatriação

Por Isabela Bonfim
Atualização:
Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) Foto: André Dusek/Estadão

O senador Magno Malta (PR-ES) externou em plenário sua revolta com a manobra feita pelo líder governo, Romero Jucá (PMDB-RR), para permitir que parentes de políticos possam participar da segunda fase da repatriação. O dispositivo ficou conhecido entre a oposição como "emenda Cláudia Cruz", em referência à esposa do deputado cassado Eduardo Cunha.

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"Ontem tomamos 1x0 do senador Romero Jucá, foi uma bola nas costas. O senador fez um acordo conosco em plenário de que tiraria a emenda que inclui parentes e, hoje de manhã, a gente descobre que nós tomamos uma pernada dele, uma voadora de frente", afirmou o senador.

Na votação de ontem, após forte pressão, inclusive de senadores da base, para que Jucá retirasse do texto os parágrafos que permitiam que parentes participassem da repatriação, o próprio senador o fez voluntariamente. O que não ficou claro na votação de ontem era que o substitutivo do senador não fazia nenhuma vedação à inclusão de parentes e, na prática, permitia que eles integrassem o programa. A manobra só foi percebia hoje de manhã pelos integrantes da oposição.

"Não sei se existe qualquer tipo de recurso, mas deixo aqui o meu registro de idignação. Falei pessoalmente com Jucá que o que ele fez não foi honesto", afirmou Malta. A notícia pegou de surpresa também outros senadores, assessores parlamentares e funcionários do Senado, que relataram só terem percebido a manobra na manhã de hoje, quando o texto final da votação foi formalmente protocolado na Secretaria Geral da Mesa Diretora. 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu para que essa história fique no passado. "Isso ficou na sessão de ontem. Temos que olhar para frente, temos uma agenda enorme de votações a cumprir", minimizou. Segundo interlocutores, Renan estava ciente da manobra. O peemedebista jogou a responsabilidade para a oposição e disse que o destaque deles foi posto de forma "equivocada".

Recurso. A oposição no Senado passou a manhã buscando uma forma de reverter a manobra do líder do governo. A avaliação da assessoria técnica do Senado é que não haveria maneira regimental de modificar o que foi feito. Nesta tarde, o senador José Pimentel (PT-CE) informou em plenário que a oposição irá buscar a derruba do dispositivo na votação da Câmara.

"Ontem foi uma sessão atípica. Todos nós estávamos muito tensionados nessa matéria. É verdade que o nosso destaque pedia a retirada daqueles itens. No entanto, o texto do artigo 11 revogou o artigo anterior nessa redação nova do substitutivo. Vamos enfrentar essa questão na Câmara Federal." 

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