PUBLICIDADE

Levy diz que governo cumprirá meta fiscal sem adotar ‘medidas draconianas’

Em palestra para 185 investidores nos Estados Unidos, ministro da Fazenda afirmou que País teve um deslize fiscal significativo no ano passado, que está sendo corrigido agora, principalmente por meio da reversão de políticas anticíclicas

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

Texto atualizado às 21h para correção de informações

PUBLICIDADE

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quinta-feira, 18, a 185 investidores, em um encontro em Nova York, que o Brasil vai conseguir cumprir a meta de superávit primário deste ano, equivalente a 1,2% do PIB, “sem fazer cortes draconianos”. Para ele, ainda há bastante espaço para redução de gastos sem precisar adotar medidas mais drásticas. “Se voltarmos aos níveis de gastos de 2013, podemos entrar no caminho para atingir a meta sem problemas.” 

Aos investidores, Levy disse que o Brasil teve um “deslize fiscal” significativo em 2014, que está sendo corrigido agora. Disse também que o PIB pode ter sido negativo no ano passado. 

Ministro Levy diz que o PIB pode ter sido negativo em 2014 

O ministro lembrou que o Brasil foi um dos poucos países a cortar impostos depois da crise de 2008, como forma de estimular o crescimento num momento de crise. “China e Estados Unidos estão revertendo medidas anticíclicas”, disse, dando a entender que, por isso, o Brasil também precisa reverter algumas dessas decisões. “Essa é a realidade, é muito natural que quando dois dos principais parceiros (brasileiros) estão se movendo longe de políticas anticíclicas, é melhor fazer o mesmo.”

“Estamos revertendo algumas medidas anticíclicas e isso pode ser feito sem muita dor”, disse. “Estou muito confiante que vamos ter o adequado nível de apoio do Congresso”, afirmou, frisando que o assunto não é partidário e que todos entendem a necessidade de o País voltar aos trilhos. “Precisamos reverter esse cenário fiscal. Não estamos inventando novas taxas. Não estamos criando uma nova carga para a empresa.” 

Ele disse ainda que as medidas que estão sendo adotadas agora não devem afetar o crescimento para sempre. “Sei que 2015 será um ano de desafios, mas podemos chegar à meta (de superávit primário) e temos de trabalhar para que 2016 seja um ano de crescimento, de otimismo.”

Levy afirmou que a presidente Dilma Rousseff está comprometida em alcançar a meta de superávit primário. “É o compromisso da presidente e a nossa responsabilidade chegar a essa meta nos próximos 10 meses. Nosso objetivo é estabilizar a dívida bruta.”

Publicidade

De acordo com o ministro, a dívida bruta brasileira subiu, em parte, por causa da acumulação de reservas internacionais e dos repasses do Tesouro ao BNDES. Ele disse, no entanto, que os repasses já não são mais instrumentos de política econômica.

Encontros. A apresentação de Levy aos investidore foi organizada pela Americas Society/Council of the Americas, pelo Brazil Investimentos e Negócios (Brain) e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O evento fez parte da maratona de encontros que o ministro tem realizado para reafirmar as diretrizes de transparência no ajuste das contas públicas, em busca de maior credibilidade da política econômica.

A agenda nos EUA começou na terça-feira, quando Levy se reuniu com 50 representantes de governo, instituições internacionais e empresas, em Washington. Em Nova York, ele falou para os investidores pela manhã e se reuniu reservadamente com alguns deles após a palestra. No início da tarde, teve encontro, também em caráter reservado, com representantes da agência de classificação de risco Moody’s.

PUBLICIDADE

A apresentação de Levy provocou reações divergentes. Segundo um dos investidores que acompanharam a palestra, o ministro foi “realista” sobre a situação do Brasil e transmitiu “uma dose de confiança” de que a situação atual pode ser revertida. Já outro participante não gostou do tom da apresentação e frisou que Levy está praticamente repetindo o discurso da presidente Dilma.

Um economista de um banco estrangeiro avaliou a primeira apresentação do ministro brasileiro em Nova York como “positiva”, mas se disse pessimista com as perspectivas de crescimento para o Brasil este ano e de reais mudanças no País. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.