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Liberação do compulsório enfrenta resistências no BC

Apesar das pressões, alguns diretores do Banco Central acreditam que uso dos recursos vai elevar a dívida pública

Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Foto do author Adriana Fernandes
Por Murilo Rodrigues Alves e Adriana Fernandes
Atualização:

Em evento patrocinado pelo banco Itaú Unibanco, na última quinta-feira, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, expôs de forma clara a pressão dentro do governo para que o Banco Central mexa nos depósitos compulsórios – recolhimentos obrigatórios de recursos que as instituições financeiras fazem ao Banco Central – para ajudar as empresas.

Barbosa disse que a Fazenda estava trabalhando com o BC em medidas para ajudar as empresas que “passam por uma fase forte de reestruturação de dívidas”, mas sem que sejam destinados “novos recursos públicos” para essa finalidade.

Reação:Tombini é barreira ao afrouxamento das regras Foto: JOEDSON ALVES/REUTERS-16/12/2014

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O ministro disse que a redução do compulsório do BC poderia melhorar a liquidez no sistema financeiro, ajudando nesse momento de crise. 

No mesmo dia, o diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, colocou o posicionamento da autoridade monetária ao alertar que não há apetite dos bancos públicos e privados para ampliar os financiamentos, assim como também não há demanda por parte de empresas e consumidores. Na avaliação do BC, é preciso primeiro retomar a confiança para se observar um crescimento do crédito.

A pressão pela redução dos depósitos compulsórios é antiga, mas enfrenta resistências internas no Banco Central. Uma ala defende que a liberação desse dinheiro tem como endereço investimentos externos e o aumento da dívida pública.

Segurança do sistema. A Fazenda também aumentou a pressão para um afrouxamento nas regras de Basileia para abrir espaço para os bancos emprestarem mais e promoverem a reestruturação das suas dívidas. 

No Ministério da Fazenda, segundo fonte, há grande desconforto com a demora do BC, que é criticado por adotar regras muito mais conservadoras do que nos outros países. “É preciso urgência”, criticou uma fonte da área econômica em relação à falta de ação do Planalto. Desde o ano passado, essas medidas vem sendo estudadas, mas ainda não foram adiante.

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O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem sido uma barreira para o afrouxamento das regras. Quando foi anunciado o ingresso do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil, o presidente do BC quase deixou o cargo, uma vez que Lula era um dos que cobrava uma maior injeção de capital na economia como “antídoto” para a crise que assola o País. Os rumores que ganharam espaço no mercado financeiro eram sobre o descontentamento com a pressão pela adoção dessas medidas.

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