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Lojas Marisa e C&A demitem em São Paulo

Redes atribuem os cortes ao 'cenário econômico'; comércio teveno 1º trimestre o pior desempenho para o período desde 2003

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Por Márcia De Chiara
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A retração nas vendas do comércio varejista, que teve no 1º trimestre deste ano o pior desempenho para o período desde 2003, começa a ter desdobramentos sobre o emprego, especialmente nos segmentos de artigos de vestuário e revendas de veículos. O volume de vendas de vestuário acumula queda de 3% no 1º trimestre, enquanto o varejo que não inclui veículos e materiais de construção registrou um recuo de 0,8%. A C&A, líder do segmentos de itens vestuário, demitiu na semana retrasada cerca de 200 funcionários. A direção da C&A não confirma os números, mas informa, por meio de comunicado, que "adequou o seu quadro de funcionários em virtude do atual cenário econômico".

A vendedora Maria Amanda foi demitida de um atacadista de roupas Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO

Fora os cortes mais recentes, de janeiro até o dia 20 de maio, o Sindicato do Comerciários de São Paulo registrou 264 homologações da C&A só na capital paulista, um número quase 60% maior em comparação com o mesmo período de 2014. O processo de homologação ocorre quando o trabalhador está há mais de um ano na empresa e a demissão tem que passar pelo sindicato. Na Lojas Marisa os cortes foram maiores. Nas contas do sindicato, foram 391 homologações de janeiro até 20 de maio, um volume 83,5% maior em comparação a 2014. A empresa também não confirma os números, mas admite que "com o objetivo de buscar ganhos de produtividade e eficiência, realizou adequação no quadro de colaboradores para o cenário deste ano". Segundo a Marisa, não há planos de mais cortes. Na Lojas Riachuelo, foram 231 homologações entre janeiro e 20 de maio, de acordo com o sindicato. É um crescimento de 40,8% na comparação com 2014. "Este número não reflete a realidade da empresa", rebate Flávio Rocha, presidente da rede varejista. Ele disse que a Riachuelo tem 22 mil funcionários, 2 mil a mais do que em 2014. O dado do sindicato mostra, segundo ele, só as demissões. Mas a rede ampliou as contratações também, argumenta.Pior ano. O presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, não tem dúvida de que 2015 será o pior ano do emprego para o comércio dos últimos dez anos. De janeiro até o dia 20 de maio, foram homologadas 45.577 demissões no comércio na capital paulista. "O meu feeling diz que vai piorar", prevê. No ano todo de 2014 foram 121,8 mil rescisões. A percepção da piora do emprego no comércio é nítida nos corredores da sede do sindicato. Um aglomerado de pessoas aguarda a chamada da senha para acertar as contas com os ex-patrões. Maria Amanda de Jesus, de 22 anos, que trabalhou por um ano e quatro meses na loja Chocolate, atacadista de roupas do Bom Retiro, é um dos cerca de 500 trabalhadores que passam por dia no sindicato para fazer a rescisão. "Fui demitida em março. As vendas caíram demais", conta. Entre salário fixo e comissões, ela tirava cerca de R$ 2 mil mensais. No momento, a ex-vendedora, que tem o 2º grau completo e mora com os pais, pretende receber o seguro-desemprego. Apesar da retração nas vendas, Maria Amanda diz que "a demissão foi uma surpresa".

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