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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Mais dossiês da Suíça

O procurador Deltan Dallagnol adiantou a esta Coluna que está para receber novos dossiês da Suíça que documentam aplicações de recursos públicos desviados por esquemas de corrupção

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Foto do author Celso Ming
Atualização:

O procurador da República Deltan Dallagnol adiantou a esta Coluna que está para receber novos dossiês da Suíça que documentam aplicações de recursos públicos desviados por esquemas de corrupção.

Dallagnol, 35 anos, lidera o grupo de nove procuradores que investigam a Operação Lava Jato. Esse grupo não começou anteontem. Ganhou experiência na investigação de crimes do colarinho-branco a partir da revelação do escândalo Banestado (1996), que já apontara o doleiro Alberto Youssef como peça-chave no esquema de lavagem e remessa de dinheiro de corrupção.

Deltan Dallagnol. Contra a impunidade Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

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Dallagnol fala com desenvoltura, sem medo de que suas denúncias sejam contestadas. Para ele, a disposição das autoridades da Suíça em colaborar com a força-tarefa do Ministério Público Federal é o resultado da nova política adotada naquele país de rejeitar depósitos gerados por operações de corrupção e de lavagem de dinheiro. Até agora, os procuradores da Suíça bloquearam nos bancos cerca de R$ 1 bilhão que teve origem em atividades de corrupção no Brasil.

A colaboração dos procuradores da Suíça é um dos fatores que Dallagnol chama de “inédito alinhamento de planetas”, que possibilitou o início da montagem de um vasto quebra-cabeças que vem revelando os esquemas de desvio de recursos públicos no Brasil.

Entre os outros “planetas” que vêm garantindo o sucesso das investigações está a colaboração dos réus com a Justiça (delação premiada), ao menos 28 casos só na Lava Jato. E também o que se convencionou chamar de “efeito Marcos Valério”, condenado a 40 anos de prisão por ter assumido sozinho o jogo de corrupção em que se envolveu (mensalão).

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O sistema de corrupção no Brasil, revelado pela Operação Lava Jato transcende a Petrobrás. Sua magnitude deve alcançar R$ 200 bilhões por ano, aponta Dallagnol, com base em avaliações feitas pela ONU e pelo Banco Mundial. (A Fiesp, lembra o procurador, estimou a máquina de corrupção no País em algo em torno de R$ 80 bilhões por ano.)

Pretender que cada ponta das investigações corresponda a um foco diferente de corrupção é fazer o jogo desse sistema. Essa é a principal razão pela qual Dallagnol entende que o “fatiamento” da Operação Lava Jato, pretendido pela defesa dos corruptos no Supremo, destina-se a prejudicar as investigações e o desmonte do esquema agora iniciado.

A estratégia de defesa dos réus consiste em acionar os mecanismos que favorecem a impunidade. É a impunidade que garante o sucesso da corrupção, por torná-la opção comercial mais lucrativa: pagar o pedágio no sistema é mais barato do que não pagar, tanto para garantir os negócios quanto a manutenção de gente em cargos-chave destinados a preservar o funcionamento de propinodutos.

Por isso, Dallagnol está empenhado em obter apoio popular para aprovar o projeto nacional de 10 medidas cujo objetivo é quebrar o círculo vicioso do sistema de propina pública e privada. Até esta terça-feira, a campanha já contava com 269 mil assinaturas de um total de 1,5 milhão pretendido para apressar a tramitação no Congresso Nacional. (Tanto as explicações desse movimento quanto o formulário destinado a recolher as assinaturas podem ser encontrados no site: www.combateacorrupcao.mpf.mp.br/10-medidas.)

CONFIRA:

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 Foto: Infográficos/Estadão

Passou dos R$ 4e de todas as projeções anteriores. Aí você tem o avanço do dólar no câmbio interno.

A inflação do dólar A cavalgada do dólar tem as mesmas causas das últimas semanas. A principal é a perda de confiança na condução da economia. A recessão se aprofunda, o desemprego aumenta, as contas públicas se deterioram. E isso é quase tudo. O Banco Central terá de dizer agora como pretende combater tanto a alta excessiva como o efeito inflacionário a partir da alta dos preços dos produtos importados e das dívidas em moeda estrangeira.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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