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Mantega: 'Importação comeu parte do PIB'

Ministro da Fazenda destaca pontos positivos como mais emprego e aumento de salários; Tombini fala em 'crescimento gradual'

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Por Redação
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu o baixo crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano comparativamente ao último trimestre de 2011 ao que classifica de "vazamento de parte da demanda doméstica para o exterior". Mantega ressaltou que, enquanto as exportações cresceram apenas 0,2% no período, as importações tiveram expansão de 1,1%. "Portanto, as importações de bens e serviços comeram parte do nosso crescimento", lamentou o ministro. Isso, de acordo com ele, é cerca de 30% do crescimento no trimestre. "Não é pouca coisa, o que demonstra a necessidade de continuarmos com medidas de defesa comercial", destacou Mantega em coletiva de imprensa em que comentou o desempenho do PIB no primeiro trimestre. O ministro afirmou que o cenário a partir do segundo trimestre começará a ser positivo e que os efeitos da baixa nas taxas de juros serão sentidos, bem como o impacto do câmbio favorável. "No segundo semestre, poderemos atingir crescimento de 4,0% a 4,5%", afirmou Mantega. "Eu queria destacar que mesmo com esse crescimento do PIB de 0,2%, o emprego foi muito bem no Brasil. Cresceu bastante. Se nós pegarmos os primeiros quatro meses do ano, nós tivemos a criação de 600 mil novos empregos, o que reflete o dinamismo da indústria", afirmou. Os serviços, de acordo com ele, continuam indo bem e, portanto, empregando mão de obra. "Eu diria que este é um dos melhores resultados do mundo em termos de geração de emprego e é um excelente indicador econômico", avaliou. "Nós acabamos de ver hoje (ontem) o indicador de que o desemprego nos Estados Unidos aumentou. O desemprego na Europa está aumentando e, portanto este é um indicador excelente que o Brasil mantém", disse. "Mantendo o aumento do emprego, mais o aumento do salário mínimo, aumento da massa salarial, nós temos um mercado consumidor que vai continuar estimulando o crescimento da economia brasileira", previu o ministro da Fazenda. "Infelizmente, uma parte desta demanda vazou para o exterior neste primeiro trimestre e isso ajudou a termos este resultado (PIB de apenas 0,2%)", reiterou Mantega, para quem este é um motivo que justifica as medidas defesa ao mercado interno. "Vocês viram as medidas que foram anunciadas ontem (quinta-feira), de elevação do IPI para produtos fabricados na Zona Franca. Nós temos ar-condicionado, forno elétrico e motos. Esta elevação do IPI não afeta o produto fabricado no Brasil, porque o imposto é zerado na Zona Franca de Manaus. Ou seja, eles não pagam este IPI. Então, ele atinge somente as importações." Crescimento gradual. O fraco crescimento da economia confirmou a análise do Banco Central de que há espaço para cortar o juro. Dois dias depois de reduzir a taxa Selic para o menor nível da história, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, disse que os números do primeiro trimestre reafirmam que a economia segue com crescimento bastante gradual. "O crescimento do PIB confirma que a recuperação da atividade econômica tem sido bastante gradual", avaliou o presidente do BC em nota. Para o presidente do BC, a demanda doméstica "continuou sendo o principal suporte da economia". "Com o consumo das famílias sendo estimulado pela expansão moderada do crédito, pela geração de empregos e de renda", citou. / FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E GUSTAVO PORTO FERNANDO NAKAGAWA .

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