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Mantega sugere que meta de superávit pode ser revista

Ministro do Planejamento descartou que o País parta já para um crescimento econômico acelerado

Por Agencia Estado
Atualização:

include "$DOCUMENT_ROOT/ext/politica/tickersobataque.inc"; ?>O ministro do Planejamento, Guido Mantega, abriu a possibilidade de que o governo reveja a meta de 4,25% para o superávit primário em 2005. Ao ser indagado sobre o assunto, o ministro deu uma série de declarações que sugerem essa possibilidade. Quando foi perguntado se a meta de 4,25% para o superávit primário seria mantida na Lei de Diretrizes Orçamentárias que o governo deve encaminhar ao Congresso até o final de abril, Mantega respondeu: "não está batido o martelo porque a discussão não começou". Segundo ele, o governo ainda vai abrir a discussão da LDO que seria encaminhada ao Congresso até abril ou maio "e, portanto, não há nenhuma posição do governo e, portanto, estamos longe de bater o martelo". "Estamos longe de ter uma posição sobre isso", acrescentou. Em seguida, o ministro afirmou que o que está em vigor é a LDO de 2003, que estabelece metas para o superávit até 2007. Um pouco mais à frente na entrevista, ao ser novamente indagado sobre a possível alteração da meta, Mantega respondeu que o que estava em aberto era a discussão da contabilidade dos investimentos em infra-estrutura no cálculo do superávit primário. "O governo vai continuar com sua política de equilíbrio fiscal porque o Brasil ainda tem uma dívida alta e uma relação dívida/PIB também elevada", afirmou, frisando que o governo não relaxaria a política fiscal. "Não podemos descuidar desta questão. Temos de manter sobre controle a relação dívida/PIB", disse. Diante da insistência dos jornalistas sobre a manutenção, ou não, da meta de 4,25% em 2005, Mantega respondeu: "vocês gostam de antecipar decisões que o governo não tomou". "Nossa política fiscal vai continuar reduzindo a relação dívida PIB. Isso é uma certeza. Essa questão dos investimentos caminha à parte. Nós não vamos relaxar na questão do superávit primário", disse. Antes, na mesma entrevista, o ministro afirmou que a discussão com o FMI sobre a questão do cálculo do superávit primário está ainda começando. Segundo ele, não há nenhuma definição sobre o cálculo ou a data de sua adoção, até porque, a discussão não se limita apenas ao Brasil. Não se sai do 0 para 100 km/h O ministro disse que é natural que haja uma ansiedade no País por um crescimento econômico vigoroso. Segundo ele, isso reflete o crescimento baixo que o Brasil teve nos últimos anos. Mas, de acordo com o ministro, não é possível um crescimento vigoroso de imediato. Mantega usou uma comparação para justificar um crescimento gradual. "É como um carro. Você não entra nele e sai a 100 km por hora. Só se for uma Ferrari", afirmou, reafirmando que o País terá neste ano um crescimento superior ao de 2003. Segundo o ministro, o Brasil chegou ao "fundo do poço" em 2003, principalmente no setor da construção civil. Neste ano a recuperação virá e já existiriam "sinais fortes" para que isso ocorra. Ao ser indagado sobre as repetidas revisões que o governo fez para o desempenho do País em 2003, Mantega admitiu que projeções de crescimento sempre são um "exercício de futurologia". O ministro citou especificamente o Indicador do Nível de Atividade (INA) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) referente ao mês de janeiro que mostrou um crescimento de 3,3% em comparação ao mesmo mês de 2003. Ao ser indagado sobre quais seriam os outros indicadores desta recuperação, Mantega citou o crescimento das importações e bens de capital, mas admitiu não dispor de outros dados. O ministro prometeu novas medidas para a construção civil, "na maior velocidade possível" que ajudem a recuperação deste setor. Parcerias Público-Privadas Ele também se mostrou otimista em relação à atração de investimentos por meio das Parceiras Público-Privadas (PPPs), afirmando que em uma ou duas semanas o governo terá apresentado uma lei regulamentando a PPP. Sobre as críticas feitas pelo PT à política econômica do governo Lula, o ministro disse que o partido é autônomo. "O partido e o governo são duas entidades diferentes", disse, ponderando que cabe ao governo reagir, aceitar, rebater ou argumentar as críticas feitas. Segundo ele, o documento do PT pode estar indicando que a comunicação do governo com a sociedade pode não estar sendo suficiente no sentido de explicar as medidas adotadas que permitam a retomada do crescimento.

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