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Marcopolo de Caxias já compete com a da China

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

Changzhou é uma cidade chinesa a 150 quilômetros de Xangai. Lá, a brasileira Marcopolo se instalou há mais de uma década para fabricar e vender ônibus. Nos últimos anos, a empresa gaúcha sentiu a mudança do momento econômico chinês, especialmente com o câmbio valorizado, que derrubou a competitividade da filial. Ao mesmo tempo, o real cada vez mais fraco volta a tornar mais favoráveis as condições de exportação do Brasil. Resultado: ônibus produzidos em Caxias do Sul já têm preço em dólar comparável aos da fábrica chinesa.

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“Os chineses chegaram à América Latina e se instalaram em mercados como Colômbia, Peru e Uruguai. Com o preço 30% a 35% mais barato que os praticados pela nossa fábrica no Brasil, as vendas ficaram estagnadas por alguns anos. Mas a situação está mudando. A competitividade deles diminuiu e a nossa, no Brasil, voltou a crescer”, resume o diretor de operações internacionais da Marcopolo, Ruben Bisi.

A fábrica da Marcopolo China monta ônibus para o gigantesco mercado local, mas também para países como os vizinhos da Ásia e até da Austrália. Os planos de exportação, porém, foram um pouco prejudicados pela evolução da taxa de câmbio. Há cinco anos, no fim de agosto de 2010, eram necessários 6,79 yuans para comprar um dólar. Nesta sexta-feira, mesmo após a surpreendente desvalorização da semana passada, são necessários 6,38 yuans para a mesma cédula de US$ 1. Ou seja, a moeda chinesa está mais forte e o dólar ficou 6% mais barato. Para quem produz em yuan e vende em dólares, isso quer dizer que o produto está mais caro no exterior.

"Aumentou muito o custo para exportar da China”, diz o diretor. 

Câmbio. O problema do câmbio chinês salta aos olhos quando comparamos o yuan com outras moedas. No mesmo dia 30 de agosto de 2010, era preciso ter R$ 1,67 para comprar US$ 1. Hoje, são necessários praticamente R$ 3,50. 

Ou seja, o real perdeu praticamente metade do valor e, como consequência, a moeda americana está 110% mais cara que há meia década. Mesmo com a inflação que estoura a meta, essa mudança do câmbio voltou a dar fôlego para os planos exportadores da multinacional gaúcha. 

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