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Maria Silvia enfrenta ‘fogo amigo’ no governo

Planalto reclama que a presidente do banco de fomento 'travou' o crédito e, um ano após assumir, ainda não fez a instituição funcionar

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes , Lu Aiko Otta e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Sob bombardeio de críticas de concessionários e de setores empresariais, a presidente do BNDES, Maria Sílvia Bastos, enfrenta “fogo amigo” de integrantes do próprio governo. Eles reclamam que ela travou o crédito e, quase um ano depois de assumir o comando do banco de fomento, ainda não conseguiu fazer a instituição funcionar. Ao Estado, o Palácio do Planalto descartou mudanças no BNDES e informou que o presidente Michel Temer conta com ela no cargo até o final do seu mandato, em 2018.

“Zero de chance de ela sair”, informou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, que descartou uma articulação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, para substituí-la.

Maria Silvia afirmou ainda que, para o BNDES, esses acordos são muito importantes Foto: Sérgio Moraes/Reuters

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Apesar da negativa oficial, a maior pressão, segundo fontes credenciadas, parte de Moreira Franco, responsável pelo Programa de Parcerias de Investimento, que abrange concessões, privatizações e Parcerias Público-Privadas. Sem financiamento, o programa não deslancha.

A crítica maior é a de que o BNDES está “atolado” em liquidez e não consegue emprestar às empresas e, dessa forma, estimular a volta dos investimentos. É a segunda vez este ano que surgem especulações de troca no BNDES. Na primeira, Temer garantiu apoio à presidente do banco, que justifica que não pode aprovar projetos ruins que chegam à instituição.

À frente do BNDES desde junho passado, Maria Silva promoveu uma profunda reestruturação na governança do banco e corte nos empréstimos com taxas subsidiadas para setores específicos, que marcaram a gestão do PT. Essa política fez com que os empréstimos do Tesouro ao banco saltassem de R$ 5 bilhões para mais de R$ 500 bilhões, o que agravou os desequilíbrio das contas do governo. Por isso, eventual saída dela do banco é vista por analistas do mercado como uma mudança de rota e retrocesso perigoso para a nova política econômica do presidente.

A pessoas próximas, ela tem transmitido a percepção de que não fica sem apoio total do presidente. “Ela veio para contribuir e ajudar e não está aí para aguentar desaforo”, disse uma fonte. Publicamente, no entanto, Maria Silva disse ontem que nunca sofreu pressão por parte do governo em relação ao seu trabalho à frente do banco. “A única pergunta que fiz ao presidente Temer no momento do convite foi se eu teria liberdade para formar a minha equipe e para trabalhar, e a resposta dele foi sim, você terá. E tenho de dizer que isso nunca me faltou.”

A presidente do BNDES afirmou que está aberta para a aperfeiçoar o trabalho do banco. Segundo ela, os desembolsos do BNDES ainda refletem o período de recessão e que esse indicador deverá apresentar queda.

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Moreira Franco divulgou vídeo nas redes sociais negando que tenha recebido incumbência de Temer para encontrar um substituto para ela. Na gravação, Moreira diz que Maria Silvia tem tido um bom desempenho e que o resultado de seu trabalho será bem-sucedido.

Em reunião ontem no Planalto, lideranças governistas questionaram ministros sobre a mudança da presidente do BNDES. Parlamentares ouvidos pelo Estado afirmaram que a sinalização dada pelo governo foi de que a troca no comando do banco deve acontecer “no momento certo”. Alguns desses parlamentares levaram aos ministros reclamações contra Maria Silvia.

Concessionárias que venceram leilões do Programa de Investimentos em Logística (PIL), realizados no governo de Dilma Rousseff s, também criticam a atuação do BNDES. Na época, foi prometido que o banco financiaria até 70% dos projetos. Porém, os empréstimos não foram liberados. / COLABOROU FERNANDA GUIMARÃES

R$ 500 bi

foi a quanto chegou o total de empréstimos do Tesouro para o BNDES, para sustentara a política do governo passado