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'Me agarrei ao mercado informal'

Desde que começou a trabalhar, aos 15 anos, esta é a primeira vez que a ex-analista financeira Andy Junqueira Vaccarelli, de 39 anos, não tira seu sustento de um emprego formal. Ao ser dispensada em uma demissão em massa de um centro empresarial em São Paulo, em março, a renda de Andy despencou: do salário de R$ 4 mil do escritório, somado aos trabalhos informais que fazia como produtora cultural, totalizando cerca de R$ 7 mil por mês, passou para R$ 1,5 mil, em média. Para sobreviver, ela se viu obrigada a mudar de profissão e transformou seus bicos em sua principal fonte de renda.

Por Júlia Lewgoy
Atualização:
Os 'bicos' viraram a fonte de renda de Andy Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Até os bicos da produção cultural, no entanto, diminuíram. A queda no volume de eventos, como shows e apresentações de teatro, fez o ganho de Andy com os trabalhos informais cair pela metade - de cerca de R$ 3 mil para R$ 1,5 mil por mês. A redução brusca forçou Andy a mudar seu padrão de vida. A produtora trancou a graduação em Marketing em uma universidade particular, deixou de frequentar rodízios de sushi e cinemas nos finais de semana e passou a encher o tanque do carro apenas uma vez por mês. "Nunca senti uma crise assim antes. Tive que me agarrar no mercado informal", diz.

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A demissão de uma escola particular em São Paulo também obrigou a pedagoga Cristiane Alves da Silva a refazer seus planos. A professora deixou o quadro negro para trabalhar como manicure, no pequeno salão de beleza de sua mãe, cabeleireira. No primeiro semestre, sua renda caiu de R$ 2 mil para R$ 1 mil ao mês, e a rotina ficou mais pesada. "Na escola, meu dia terminava às 17 horas. Agora, no salão, vou embora às 20 horas, e ainda trabalho em feriados", conta.

A mudança também transformou a vida de suas filhas, Isabelle, de 15 anos, e Hyanne, de 13. As meninas, que ganhavam bolsa integral na escola em que a mãe trabalhava, agora estudam em uma pública. "O aprendizado é zero, porque elas estão revendo conteúdos que já aprenderam", reclama. A família também se mudou de um apartamento alugado para a casa da mãe de Cristiane.

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