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Medidas de estímulos dos EUA são negativas para a China, dizem pesquisadores

A chamada QE3, de acordo com pesquisadores chineses, vai causar pressões inflacionárias na China e terá efeito limitado na recuperação da economia dos EUA  

Por Sergio Caldas e da Agência Estado
Atualização:

PEQUIM - Pesquisadores de instituições estatais chinesas reagiram negativamente à terceira rodada de relaxamento quantitativo anunciada pelo Federal Reserve Bank, o banco central norte-americano, dizendo que a chamada "QE3" vai causar pressões inflacionárias na China e terá um efeito limitado na recuperação da economia real dos EUA.

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O Fed anunciou ontem que vai comprar US$ 40 bilhões por mês em títulos lastreados em hipotecas emitidos por agências do governo, em um programa sem previsão de término, e que planeja manter os juros de curto prazo próximos a zero até pelo menos meados de 2015.

As medidas de estímulo do Fed sempre causaram polêmica na China. A segunda rodada (QE2), lançada em novembro de 2010, foi muito criticada por formuladores de políticas e formadores de opinião chineses, que citaram preocupações com a inflação e bolhas no setor imobiliário e outros ativos, geradas pelo aumento dos fluxos de capital para o país. Os primeiros sinais são de que a QE3 também não será bem recebida na China.

Wang Guogang, diretor geral do Instituto de Finanças e Bancos, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que a atitude do Fed é "irresponsável com a economia global". Ele prevê que a desvalorização do dólar vai corroer o valor dos títulos do Tesouro norte-americano em posse da China.

"A QE3 vai definitivamente afetar vários países, especialmente nações como a China, que detém um grande volume de ativos denominados em dólar", comentou Wang.

Já Zhang Monan, pesquisadora do Centro Estatal de Informações, instituto de pesquisa da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planejamento econômico da China, prevê uma repetição das pressões sobre os ativos verificadas em 2010 e 2011.

"O grande volume de liquidez causado pela QE3, junto com as compras de títulos pelo Banco Central Europeu (BCE), vai impulsionar os preços dos ativos e as expectativas domésticas de preços de imóveis, que mostraram sinais de recuperação", disse Zhang.

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O Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês), o BC chinês, preferiu não fazer comentários sobre o anúncio do Fed. Durante a QE2, o presidente do PBOC, Zhou Xiaochuan, foi mais diplomático nos comentários públicos e disse que entendia que o mandato do Fed é cuidar da economia norte-americana. As informações são da Dow Jones.

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