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Menos endividadas, famílias voltam a consumir, aponta especialista

Para o economista-chefe da Parallaxis Consultoria, a inflação sob controle, a melhora do mercado de trabalho e das condições de crédito favorecem o consumo

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast), Vinicius Neder e Maria Regina Silva
Atualização:

Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de setembro mostram que o processo de endividamento das famílias está caindo em relação ao das empresas, avalia o economista-chefe da Parallaxis Consultoria, Rafael Leão.

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O volume de serviços prestados teve redução de 0,30% em setembro ante agosto, após a queda de 1,0% registrada no mês anterior, na série com ajuste sazonal, conforme os dados da PMS divulgados nesta sexta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em relação a setembro do ano anterior, houve redução de 3,20% em setembro deste ano, já descontado o efeito da inflação. Nessa base de comparação, as previsões são de retração de 3,70% a 1,05%, o que gerou mediana negativa de 2,40%.

A inflação sob controle, a melhora do mercado de trabalho e das condições de crédito favorecem o consumo Foto: Alex Silva/Estadão

Segundo Leão, a inflação sob controle, a melhora do mercado de trabalho e das condições de crédito estão favorecendo o consumo, como retrato nas vendas do varejo do nono mês do ano. "Esperamos que o estágio final para as empresas aconteça no fim de 2017 e, no início de 2018, acreditamos que o consumo de serviços nesse segmento estará melhor", avalia.

+ Faltou trabalho para 26,8 milhões de brasileiros no 3º trimestre, aponta IBGE Nesse sentido, Leão afirma que a PMS permite a leitura de que o quadro do setor não está "nem tanto ao céu nem tanto ao inferno", ao referir-se à melhora no nível de endividamento das famílias e à situação ainda difícil das empresas.

A expectativa do economista é que a alta do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre fique muito parecida com a de 0,2% apurada no trimestre anterior, podendo até ficar aquém desse nível. "Talvez fique um pouco menos por causa da agropecuária que não deve ajudar tanto no terceiro trimestre", estima.

Para o PIB fechado em 2017, Leão não descarta a possibilidade de o crescimento ficar perto de 1,0%, caso os dados do último trimestre mostrem expansão mais forte. "Por ora, mantenho a projeção de alta de 0,8%."

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+ Contrato intermitente pode precarizar relações de trabalho, diz especialista De acordo com Leão, se os indicadores do quarto trimestre vierem mais robustos e a perspectiva de consumo mais forte pelas empresas no início de 2018, o PIB tende a crescer entre 2,5% e 3,0%. "Se as empresas terminarem esse processo de desalavancagem e com a macroeconomia quase no eixo em 2018, o PIB pode até ir a 3% no ano que vem, isso se a política não atrapalhar", diz.

Patinando. Já o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, avaliou o recuo no volume de serviços prestados em setembro com o retrato de uma economia que patina para sair do atoleiro em que se encontra e que não conseguiu, ainda, colocar suas rodas no terreno sólido.

"É uma atividade que mostra alguma melhora, mas ainda muito frágil", disse ao Estadão/Broadcast.

As quedas no volume de serviços prestados em todas as bases de comparações, de acordo com Perfeito, condizem com uma economia em que seus indicadores emitem sinais mistos. Uma hora sai um indicador com sinal positivo, outra hora com sinal negativo.

O varejo, por exemplo, de acordo com Perfeito, tem mostrado resultados positivos muito em função da resposta das vendas dos hiper e supermercados à queda dos preços.

Em compensação, a prestação de serviços continua diminuindo porque se trata de um segmento sensível à renda, que por sua vez não tem se associado ao movimento de alta exibido por outros setores da economia.

"Para a o consumo de serviços voltar a melhorar será preciso primeiro a renda melhorar. Enquanto isso continuaremos a ver o setor de serviços mostrando sua fraqueza", disse Perfeito. 

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