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Menos pessimismo com o ritmo de atividade

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Por Redação
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Os especialistas que assinam o Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV) – Regis Bonelli, Silvia Matos e Armando Castelar Pinheiro – parecem convencidos de que o ritmo da atividade vai chegando ao seu ponto mais baixo, após oito trimestres de retração. O número de junho da publicação, divulgado há poucos dias, apresenta três fatores para justificar a expectativa de uma proximidade do fundo do poço. Primeiro, a conclusão do ajuste iniciado em 2015, com a correção de preços básicos, uma postura “menos leniente” com a inflação e “mais transparência com relação ao drama fiscal em que se colocou o País”. É provável que o ajuste do nível de consumo e investimentos esteja próximo de ser concluído, “deixando de subtrair força, ainda que modestamente, à demanda agregada”. Segundo, a correção de preços relativos, e, em especial, a desvalorização cambial, alterou a estrutura da oferta e da demanda, beneficiando produtores de bens comercializáveis. Terceiro, a troca de governos, “ainda que provisória até aqui”, favoreceu a confiança de empresas e consumidores. O texto é cuidadoso, pois os números ainda são muito ruins. Por exemplo, o Ibre reduziu de 3,8% para 3,5% a expectativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o que continua sendo um indicador sofrível. E prevê apenas “tímida retomada” em 2017. Há sinais de aumento da confiança empresarial, sob influência do ajuste de estoques e de “uma melhor percepção sobre a economia externa”. Há indícios de queda no ritmo de redução do pessoal e atenuação cíclica do ritmo de queda do PIB, analisam Aloisio Campelo Jr. e Rodolpho Tobler. Em resumo, a economia poderá em breve deixar de piorar, abrindo espaço para uma retomada. Esta retomada terá como adversários o desemprego e a queda de renda, mas será facilitada, se o recuo da inflação permitir uma recuperação do salário real, pela existência de capacidade ociosa que permite expandir a produção sem investimentos imediatos e pelo aumento da atividade de segmentos de exportação beneficiados pela taxa cambial. Como notou o economista Lívio Ribeiro, o ajuste externo iniciado em 2015 aprofundou-se neste ano e continua em “trajetória ascendente”, mas veio do colapso econômico. Perderá fôlego, portanto, quando a economia voltar a crescer. O boletim do Ibre reflete o custo da recessão, mas, em especial, antecipa que a retomada está em gestação.

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