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Mercado de carros novos no País está 'anabolizado', diz executivo da Ford

De janeiro a novembro, as vendas de automóveis e comerciais leves caíram 8,2% em relação a igual período de 2013

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O mercado brasileiro de carros novos está sendo sustentado, em parte, por vendas diretas, aquelas feitas pelas fábricas para frotistas, locadoras, empresas e funcionários. Esse tipo de negócio já representa 30% de toda a comercialização de automóveis e comerciais leves no País. Até alguns anos, a participação histórica era de cerca de 20%.

O vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb Foto: Divulgação

"O mercado está anabolizado pelas vendas diretas, feitas com grandes descontos", diz Rogelio Golfarb, vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul. De acordo com ele, os resultados do setor seriam piores se não fosse esse expediente.

De janeiro a novembro, as vendas de automóveis e comerciais leves caíram 8,2% em relação a igual período de 2013, e somam 2,978 milhões de unidades.

Em outubro, as vendas diretas, ou especiais, chegaram a responder por 32,7% dos negócios, participação que em novembro foi reduzida para 30,8%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No acumulado do ano está em 29,2%, enquanto no mesmo período do ano passado estava em 25,1%.

"Essa participação vem subindo nos últimos anos", diz Golfarb, para quem esse tipo de venda, por ser feita com descontos significativos, acaba maquiando a situação do mercado.

No varejo também há várias promoções, mas são inferiores àquelas oferecidas aos clientes especiais. Há empresas que chegam a vender carros pelo preço de custo, diz o executivo.

Quinto maior.

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O presidente da Ford do Brasil e América do Sul, Steven Armstrong, prevê que o setor encerrará o ano com queda de 8% nas vendas em relação às 3,76 milhões de unidades de 2013. Em toda a América do Sul, a queda será de 10%. "Todas as economias do continente estão passando por dificuldades".

A Ford prevê prejuízos de US$ 1 bilhão na América do Sul este ano. O Brasil responde por cerca de 60% das vendas da marca na região. Consultores do setor automobilístico preveem que, juntas, as montadoras no Brasil terão prejuízos de cerca de US$ 2 bilhões neste ano.

O Brasil, segundo Armstrong, vai perder o posto de quarto maior mercado de veículos, mantido desde 2010, e ficará em quinto lugar. "Precisaremos trabalhar muito para retomar a posição", diz.

Para 2015, ele prevê um mercado estável, com melhora a partir do segundo semestre e volta ao crescimento a partir de 2016.

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Golfarb espera que o governo mude de ideia e mantenha o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, "porque a situação do mercado está muito complicada". Até agora, as indicações do governo são de que, a partir de janeiro, o imposto retomará as alíquotas cheias de 7% para carros 1.0 e de 11% e 13% para modelos até 2.0 flex e a gasolina. Hoje, as taxas estão em 3%, 9% e 10%, respectivamente.

Goldfarb considera a nova equipe econômica que será comandada por Joaquim Levy "bem equilibrada, à altura do desafio econômico", mas reclama da falta de horizonte de planejamento para 2015. "Não temos elementos para planejar, só trabalhamos com hipóteses, por isso estamos apostando num mercado estagnado".

Novo Ka.

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A Ford, quarta maior montadora do Brasil, vendeu neste ano, até novembro, 272,1 mil veículos, 10,3% a menos que em igual período do ano passado. A Fiat, líder no mercado, teve queda de 9,5% e a General Motors, vice-líder, de 11,5%. As vendas da Volkswagen, terceira no ranking, caíram 14,8%.

Com o lançamento do novo Ka, em setembro, a Ford ganhou um ponto porcentual de participação no mercado em novembro, e chegou a 10,2% das vendas. No ano, a marca tem 9,1% do mercado.

Em novembro o compacto foi o quarto automóvel mais vendido no País, atrás apenas do Fiat Palio, Volkswagen Gol e Chevrolet Onix.

O Ka é o segundo carro global da marca desenvolvido no Brasil. O primeiro é o EcoSport. "Somos a única montadora que está projetando veículos globais no País e espero que isso passe a ser uma realidade brasileira", diz Golfarb.

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