Houve recuperação de preços ontem, quando o ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos falou em esforços coordenados para elevar preços. As dúvidas acerca do nível de equilíbrio entre oferta e demanda dominaram o Relatório do Mercado de Petróleo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que indicou que os estoques tendem a continuar crescendo neste e no próximo trimestre. É decisivo para a formação de preços o peso do maior produtor, a Arábia Saudita, que impõe sua política aos demais países.
O estudo da IEA mostra que o grande fator de especulação, hoje, diz respeito ao tempo que durará a política dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que retoma força e produz 33,5 milhões de barris por dia (b/d) atuais, só 9% abaixo da produção sustentável, excluindo Iraque, Nigéria, Líbia e Irã.
Membros da Opep, como Irã e Iraque, estão elevando a oferta do bruto e novos recordes de produção são esperados. Se, de um lado, os preços cadentes da commodity afetam países como Venezuela, Nigéria e México, de outro, reduzem custos de produção no mundo, favorecendo empresas e consumidores que não dependem de altas cotações.
Nos últimos meses, além de países importadores, estão em apuros companhias ligadas ao petróleo, como os produtores americanos de shale gas, que cortaram a produção em 500 mil b/d e poderão cortar mais, diz o executivo-chefe da francesa Total, Patrick Pouyanne.
As cotações do petróleo não apenas caíram muito desde meados de 2014, como mostram alta volatilidade – ou seja, flutuam tanto de um dia para outro que contribuem para a instabilidade dos mercados globais, como o de ações. Não só os papéis da Petrobrás caíram – a diferença é que estes caíram muitas vezes mais que os de outras petroleiras.
No mundo, a Noruega é exceção. Enriquecida com o óleo, tem US$ 900 bilhões num fundo soberano que agora ajuda a cobrir o déficit fiscal de US$ 20,6 bilhões em 2015, segundo o Estado. É uma conta pequena para quem poupou na hora certa.