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Mercado projeta 'uniões' em celulose

Movimento é esperado pela grande quantidade de empresas do setor; Eldorado, do grupo J&F, é vista como um potencial alvo de rivais

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller e Monica Scaramuzzo
Atualização:

O movimento de consolidação no mercado brasileiro de celulose é um caminho sem volta e deverá acontecer em um futuro não muito distante, segundo empresários, analistas e executivos ouvidos pelo 'Estado'. O mercado olha com especial atenção para o destino da Eldorado Celulose, controlada pela holding J&F - dona da Friboi e da Seara -, como um possível alvo nesse processo. Fontes de mercado afirmam que tanto Fibria quanto Suzano chegaram a olhar esse ativo, mas as negociações não foram adiante. A Fibria é apontada como "compradora natural" por ter uma unidade em Três Lagoas (MS), onde também está localizada a Eldorado. A Suzano diz que não há planos imediatos para participar de movimento de consolidação no Brasil. A Fibria não quis dar entrevista. Ao Estado, o presidente da Eldorado Celulose, José Carlos Grubisich, diz que nunca houve nenhuma conversa para fusão. O presidente da Eldorado mantém o discurso de que a companhia tem como projeto mais do que dobrar sua capacidade produtiva, atualmente em 1,7 milhão de toneladas por ano. O executivo calcula os custos da nova unidade em R$ 10 bilhões e reforça a projeção de colocá-la em operação em 2018. Para isso, Grubisich admite que terá de correr contra o tempo: para cumprir o prazo, precisará estar com a estrutura de financiamento pronta antes do fim de 2015. Na atual estrutura societária da Eldorado, a J&F tem 80% do capital. Os dois fundos de pensão (Funcef, da Caixa, e Petros, da Petrobrás) somam cerca de 18%, e o restante - pouco menos de 2% - pertence a Grubisich. Fontes de mercado afirmam que os fundos de pensão não estão dispostos a colocar mais capital na Eldorado. No ano passado, até setembro, a holding J&F teve de injetar R$ 1,1 bilhão de capital na companhia. A empresa diz que está buscando capital privado para colocar sua segunda unidade em pé. De acordo com fontes, uma consolidação envolvendo a Eldorado poderá punir futuros parceiros, uma vez que a companhia está altamente endividada. A expansão do mercado de celulose, para outra fonte do setor, é uma questão de confiança na viabilidade dos projetos. "Dinheiro no mercado com certeza há. É só uma questão de as empresas conseguirem apresentar as garantias aos bancos. A Eldorado, sozinha, não tem como fazer isso. Mas a J&F tem." Sócio de peso. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de tanto colocar dinheiro no setor, virou sócio importante tanto da Fibria quanto da Suzano. No entanto, não há no momento disposição do governo em financiar "campeãs nacionais". Também existem no País dois projetos em fase inicial - um do grupo Zogbi e outro do empresário Mário Celso Lopes -, que engrossariam a lista de concorrentes no setor. No entanto, o mercado duvida que esses negócios tenham capacidade de atrair investimentos para deslancharem tão cedo. A consolidação, embora esperada, tem obstáculos para sair do papel. "Não vejo como algo líquido e certo. É mais uma vontade. O setor é muito pulverizado e as empresas têm estruturas de capital muito diferentes", afirma Renato Antunes, analista do Banco Plural.

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