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Mercado recua e trava indústria da construção

Por Renato Jakitas
Atualização:

Rosemeire Leonardi estava passeando por Guarulhos (SP) quando viu um estande de vendas de um prédio novo, entrou para conhecer e comprou um apartamento. “Eu gostava da cidade, do bairro, fiz as contas e vi que dava para pagar as parcelas”, lembra. Ela assumiu uma dívida de R$ 580 mil, com 44 parcelas de R$ 2 mil, desembolso inicial de R$ 58 mil e o compromisso de usar o FGTS e tomar um financiamento para quitar o saldo devedor.

Um plano que lhe parecia seguro até que, em janeiro do ano passado, ela ficou desempregada. “Perdi um salário de R$ 8 mil”, conta. “Sabia que ia ser difícil arrumar rapidamente outro emprego parecido e resolvi vender o apartamento.” Um ano depois, ela não só não vendeu o imóvel, como acompanhou sua desvalorização. “Um apartamento no meu andar, igual ao meu, está R$ 500 mil.”

Desde que ficou desempregada, Rosemeire tenta vender apartamento Foto: Alex Silva|Estadão

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A história de Rosemeire é uma síntese de um setor que, há seis anos, era vivia um boom. Impulsionado pelo aumento da massa salarial, desemprego em queda e linhas de financiamento bancário competitivas, as incorporadoras tomaram fôlego e, só na grande São Paulo, injetaram 70.781 novas unidades em 2010, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP). A partir de 2013, as vendas pararam de acompanhar a produção, os estoques foram se acumulando e a valorização do metro quadrado que chegou a 2% ao mês na cidade, despencou.

“Os preços caíram tanto que estão encostando nos custos e não existe mais margem de queda”, diz João da Rocha Lima, pesquisador de real estate da USP. “O impacto é ruim para o consumidor, que não tem dinheiro para comprar imóvel, mas é pior para as incorporadoras, que estão perdendo até seu coração nessa crise.”

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