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Mercado vê corte nos juros em outubro após comunicado do BC

Autoridade monetária manteve Selic a 14,25% ao ano e indicou que não há espaço para redução imediata

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Célia Froufe (Broadcast), Fabrício de Castro , Mateus Fagundes e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Em seu primeiro comunicado em novo formato após a decisão do Copom, o Banco Central abarcou todas as dúvidas que o mercado financeiro tem sobre a economia e apresentou elementos para as próximas decisões. Deixou bem claro ao final da nota mais extensa do que a habitual que não há espaço para uma redução imediata da taxa básica de juros. Talvez nem neste ano. O mercado, porém, enxerga a possibilidade de corte já em outubro, com a Selic encerrando o ano em 13,25% ao ano. 

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O economista Luiz Fernando Castelli, da GO Associados, afirma que o BC eliminou as chances de corte na Selic em agosto. "O BC destacou a implementação do ajuste fiscal, mostrando que o corte só deve vir quando medidas como a PEC dos gastos estiver bem encaminhada", afirma. "E isso depende da redução de incertezas políticas e a conclusão do processo de impeachment, o que deve vir somente no final do mês."

Castelli acredita, portanto, que a redução dos juros só deve começar a acontecer na reunião de outubro, com corte de 0,50 ponto porcentual. "As pistas devem vir no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) de setembro", diz.

Comunicado do BC mostra mais uma vez que o foco da autarquia está em 2017 Foto: André Dusek|ESTADÃO

Já para o economista-chefe da Garde Asset Managment, Daniel Weeks, o BC deve cortar juros no último trimestre do ano, possivelmente na reunião de novembro. O analista afirma que o comunicado do BC reduz as probabilidades de corte de juros na reunião dos dias 30 e 31 de agosto, apesar de não as eliminar por completo. 

Weeks diz que até a próxima reunnião do Copom a aprovação de medidas fiscais - citada pelo BC no comunicado como fator de risco doméstico para a inflação - terá andado pouco no Congresso. Por isso, as chances de corte no próximo mês são muito baixas. "Ao deixar explícito que não há espaço para flexibilização da política monetária e ponderar o balanço de riscos negativos para a inflação, o BC, a priori, tira as probabilidades de corte em agosto, mas não elimina", comentou o economista. “O BC tende a ser paciente e conservador."

O economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan, discorda e afirma esperar um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic já em agosto. Para outubro e novembro, o economista espera outros cortes de 0,5 pp.

Na avaliação de Molan, há espaço para melhorar o balanço de risco, passando pela redução das expectativas de inflação na esteira da descompressão da inflação dos alimentos. "De hoje a um mês e meio, o câmbio deverá pressionar a inflação para baixo", previu. Perguntado se, na sua avaliação, o cenário que contempla melhora na inflação pesa mais que o cenário externo, apontado pelo BC como o contraponto do cenário inflacionário mais benigno, Molan disse que a transmissão das condições externas para a economia brasileira se dá por meio do câmbio.

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"O externo se manifesta no câmbio. Na ata anterior, o Copom chamava a atenção para os preços dos ativos. E de fato, o que estamos vendo é uma conjuntura com forte entrada de capitais no Brasil, melhora da confiança. Por isso não descartamos corte da Selic já em agosto", disse o economista.

 

Inflação. Levar a inflação para o centro da meta em 2017, conforme promete Ilan Goldfajn, só será possível sob o ponto da perspectiva atual, se o BC não mexer na taxa básica de juros até o fim do ano que vem, como pressupõe o cenário de referência. Esse modelo leva em consideração também a estabilidade do câmbio por todo o período e o movimento do dólar nos últimos meses tem sido de baixa, o que pode ajudar a despressurização da inflação.

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O BC ainda deve contar com a ajuda fiscal para entregar o seu trabalho no fim de 2017, mas deixou claro que essa questão não está resolvida. “Incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem”, trouxe o comunicado.

O documento mostra mais uma vez que o foco da autarquia está em 2017. Não fez qualquer menção à meta de inflação deste ano e, mesmo sobre o ano que vem, exibiu muita cautela ao apresentar o que é de conhecimento da cúpula do BC até agora. O novo formato do comunicado trouxe, portanto, muito mais informação do que o modelo anterior. Resta saber agora, o que a ata do Copom da semana que vem poderá acrescentar.

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