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Mercados atentos ao cenário externo

Os investidores continuam atentos aos rumos dos conflitos militares na Ásia Central e à situação argentina. No Brasil, o Copom inicia amanhã sua reunião mensal para definição da taxa Selic. Espera-se manutenção em 19% ao ano.

Por Agencia Estado
Atualização:

Os conflitos militares na Ásia Central e a situação argentina continuam no centro das preocupações dos analistas. Nos Estados Unidos, o número de pessoas que contraíram o antraz ou estiveram expostas à bactéria subiu para 12 e o governo já fala oficialmente em bioterrorismo. Ainda não se sabe de onde partiram as bactérias da doença, mas a implicação de outros países, como o Iraque, deverá ampliar os limites desta guerra - hoje restritos ao Afeganistão. Em relação à Argentina, o mercado financeiro começa a avaliar o impacto da derrota do governo, as dificuldades para a governabilidade no país e os números negativos das eleições que indicam o descontentamento da população argentina. De acordo com a apuração do correspondente Ariel Palacios, as pesquisas de boca-de-urna na cidade de Buenos Aires mostraram que os votos em branco e nulos passaram de 4% na eleição anterior para 42% neste domingo. A recessão que toma conta do país há três anos, os elevados índices de desemprego - de aproximadamente 17% - e a política econômica conduzida pelo ministro Domingo Cavallo são os principais pontos de descontentamento para os argentinos. Para se ter uma idéia, a popularidade do ministro Cavallo é de menos de 20%, o que torna difícil a implementação de medidas para se conseguir chegar ao déficit zero, ainda mais agora quando o governo perdeu apoio no Congresso. Para o diretor de renda variável da BankBoston Asset Management (BAM), Júlio Ziegelmann, assim como para o ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio-diretor da MCM Associados, José Júlio Senna, a resolução do problema argentino passa por uma mudança no regime cambial do país. Eles acreditam que o melhor seria uma dolarização da economia, com um desconto sobre as dívidas das empresas e do governo. Mas o governo do país rechaça totalmente esta hipótese. O anúncio feito pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, de que a instituição, juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird), estudam um programa da reestruturação da dívida pública externa da Argentina não traz nenhum alívio para o país. Segundo o estrategista do JP Morgan, Luis Fernando Lopes, a confiança dos investidores só será retomada com medidas concretas para corte de gastos e reaquecimento da economia. Nesta semana, a taxa de risco país bateu recordes e chegou ao nível mais alto entre os demais os países do mundo pesquisados (veja mais informações no link abaixo). Copom no dia 17 Amanhã começa a reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom). O resultado sobre a Selic, a taxa básica referencial de juros, será conhecida na quarta-feira. A taxa está em 19% ao ano e a maioria dos analistas aposta em manutenção da taxa, principalmente porque a última reunião aconteceu após os atentados terroristas aos Estados Unidos e, de lá para cá, o cenário não mudou muito. O economista do Lloyds TSB, Wilson Ramião, é um deles. Ele acredita que o Copom também deve apostar na estabilidade, não adotando viés, o que significa que a taxa Selic ficaria em 19% ao ano até a reunião de novembro, marcada para os dias 20 e 21. "A economia está muito desacelerada e a inflação está sob controle, justamente em função do desaquecimento econômico. Mas, com o real muito desvalorizado frente ao dólar, é muito improvável que o BC corte juros neste momento", avalia. Ziegelmann, da BAM, também espera pela manutenção dos juros, apesar de considerar que, de fato, a economia está muito desaquecida, o que permitiria um corte de juros neste momento. "Mas a expectativa é de que o BC adote uma postura mais conservadora", afirma o diretor. Veja os números do mercado financeiro O dólar comercial para venda está cotado a R$ 2,7770, com queda de 0,18%. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - pagam juros de 23,730% ao ano, frente a 24,000% ao ano ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera com alta de 0,28%. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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