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Após reestruturação, Mercedes-Benz vai investir R$ 2,4 bi no País em 5 anos

Depois de enxugar a operação e fechar 5 mil postos de trabalho no Brasil, montadora vai aplicar recursos em processos de automação, digitalização e novos produtos; de acordo com presidente, unidades brasileiras precisam ser competitivas globalmente

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Após passar por um processo de enxugamento que resultou na redução 5 mil empregos nas operações brasileiras em quatro anos, a Mercedes-Benz vai modernizar suas duas fábricas de caminhões e ônibus, especialmente a da região do ABC, inaugurada há 60 anos. Ontem a empresa anunciou investimentos de R$ 2,4 bilhões entre 2018 e 2022 a serem aplicados em processos de automação, digitalização e novos produtos.

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“Vamos introduzir equipamentos e conceitos da chamada indústria 4.0”, diz o presidente da Mercedes-Benz, o alemão Philipp Schiemer. Segundo ele, as unidades brasileiras precisam ser competitivas em nível mundial. A fábrica de Juiz de Fora (MG) também receberá fatia do aporte, mas, segundo o executivo, por ser mais nova e ter passado recentemente por modificações, já é considerada uma das mais modernas do grupo.

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Mão de obra. Schiemer diz que, apesar de investimentos, equipe atual de funcionários não será ampliada por enquanto. Foto: Mercedes Benz

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O executivo também aposta na melhora do mercado de caminhões, que nos últimos anos registrou queda de 70% nas vendas, de 149 mil unidades, em 2013, para as 45 mil previstas para este ano, em razão da crise econômica e política.

“Prevemos crescimento do mercado de 20% para caminhões em 2018 e de 12% a 15% para ônibus”, afirma Schiemer. Ressalta que ainda será um volume historicamente baixo, mas acredita nas medidas econômicas que estão sendo adotadas e na aprovação das reformas para que ocorra crescimento sustentável nos próximos anos. “Estamos indo no caminho certo, há um entendimento que não havia há três anos”, diz, referindo-se ao governo Temer.

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Ele também espera crescimento das exportações. Neste ano, as vendas externas da marca cresceram 25% e o grupo conquistou contrato de exportação de motores para a Alemanha.

O novo investimento se soma aos R$ 730 milhões anunciados para 2015 a 2018 e estavam na fase final. Schiemer não deu muitos detalhes das mudanças na fábrica de São Bernardo do Campo, onde são feitos caminhões, ônibus, motores e transmissões. A produção de cabines foi concentrada na filial mineira.

Uma das alterações citadas é a otimização de armazéns usados para receber e estocar componentes. Eles serão reduzidos de 53 para seis centros para melhorar o fluxo de logística. Haverá flexibilidade das linhas para atender mais rapidamente às demandas do mercado. Também será adotado um novo layout para melhorar a ergonomia para os trabalhadores.

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No mês passado a Mercedes foi condenada em primeira instância pela Justiça do Trabalho de São Bernardo, a multa de R$ 1 milhão por permitir uso de maquinário e ferramentas que não atendem requisitos de segurança para trabalhadores de empresas terceirizadas. “Todas as nossas ações foram acertadas com o sindicato dos trabalhadores e vamos encaminhar nossa defesa à Justiça”, informa Schiemer.

Quadro ajustado. A fábrica do ABC emprega 7,7 mil trabalhadores e a de Juiz de Fora, 700. “Num primeiro momento não vamos precisar de mais mão de obra pois estamos com o quadro ajustado”, afirma o executivo.

Nos últimos meses a empresa operou com 70% de ociosidade, e os funcionários trabalharam com jornada reduzida. Vários deles tiveram os contratos suspensos por até cinco meses, medida encerrada no mês passado.

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Desde 2013, a montadora recorreu programas de demissão voluntária, cortes e não repôs vagas de aposentados. Hoje a fábrica opera em apenas um turno e produz 160 veículos ao dia, metade de sua capacidade.

No mês passado a MAN, principal concorrente da Mercedes, anunciou 300 contratações para a fábrica de Resende (RJ). Os funcionários atualmente fazem horas extras e não terão férias coletivas. A fábrica costumava dispensar os trabalhadores durante 20 dias, mas neste ano só haverá folgas de uma semana.

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