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Meta de 2016: 'arrumar emprego'

Na primeira semana do ano, desempregados saem em busca de nova chance no mercado

Por Renée Pereira
Atualização:

Depois de passar boa parte de 2015 desempregada, à base de bicos e com o dinheiro da indenização do último emprego, Cátia de Jesus Soares, de 35 anos, traçou uma única meta para 2016: conseguir um emprego, e logo. Na quarta-feira passada, na primeira semana do ano, ela e a amiga Claudete Maria da Silva, de 35 anos, saíram cedo do Jardim Boa Vista, na Zona Oeste de São Paulo, para tentar a sorte no Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT), da Prefeitura, no bairro da Luz.

As duas trabalhavam em hotel e foram demitidas no ano passado por causa da crise econômica – justificativa dada pelos empregadores, afirmam elas. Cátia está há quase um ano desempregada e Claudete, há seis meses. “Está muito difícil conseguir emprego. Já fiz algumas entrevistas, mas nenhuma deu certo”, diz Cátia, baiana de Ilhéus, que mora há sete anos em São Paulo.

Ex-camareira, Cátia busca vaga em qualquer área Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

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Mãe de uma menina de dois anos, cujo pai desapareceu, ela tem sobrevivido nos últimos meses de bicos na área de limpeza, que agora também estão escassos, e da ajuda dos irmãos, que dão uma cesta básica por mês. “Mas tem as outras necessidades, como roupa para a filha e transporte. Tenho vergonha de pedir dinheiro para eles. O ideal é estar empregada e não depender de ninguém.” Cátia era camareira e tem buscado emprego em qualquer área.

Claudete trabalhou quatro anos e seis meses em um hotel da capital até ser demitida. O dinheiro da indenização e do seguro-desemprego já acabou e ela ainda está com o nome sujo na praça. “Quando estava empregada tinha o meu salário, cesta básica e vale-refeição. Tudo isso reforçava o orçamento mensal. Sem essa renda, tive de cortar todas as coisas supérfluas, como sobremesa, pizza e McDonald’s.”

Desempregado há seis meses, Denis de Jesus teve de vender uma moto para bancar as contas da casa Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

O porteiro Denis Zacarias de Jesus, de 40 anos, também tem passado apuros nos últimos meses. Casado, pai de dois filhos, sendo um recém-nascido, ele está há seis meses desempregado – a mulher saiu do emprego depois que o filho nasceu. O que segurou o orçamento dele nesse tempo foi um consórcio que havia feito para a compra de uma motocicleta. Como já havia pago boa parte do bem, ele retirou a moto e vendeu. Com o dinheiro, pagou dívidas e tem se mantido até hoje.

Além dos gastos com os filhos e despesas com água e luz, ele paga R$ 500 de aluguel. “Antes conseguia fazer alguns bicos como pintor e pedreiro, mas hoje não tem mais nada”, diz ele, que conseguiu uma carta de recomendação no CAT para fazer entrevista numa empresa.

Sem renda, Claudete cortou todos os supérfluos Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

Ônibus. Essa também era a esperança de Jaqueline Miriam Dornelles da Silva, de 47 anos. Há três meses desempregada, ela estava à procura de uma vaga na área de limpeza anunciada pelo CAT. Solteira, teve de voltar a morar com a mãe, em Embu, na Grande São Paulo, por falta de dinheiro. Antes, dividia um apartamento com uma prima no centro de São Paulo. Sem recursos até mesmo para a passagem de ônibus, ela conta que tem andado a pé para economizar. “Nos últimos dois meses, tenho batido perna para tentar achar um emprego, mas está difícil. Até para auxiliar de limpeza eles fazem uma série de exigências.” 

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