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Ministro da Fazenda pede apoio a Renan

Por Ricardo Brito e BRASÍLIA
Atualização:

Horas antes do anúncio da revisão da meta fiscal de 2015, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteve reunido com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Levy foi pedir apoio para a tramitação da proposta de nova meta no Poder Legislativo, no segundo semestre. O encontro, realizado na residência oficial do presidente do Senado, durou cerca de uma hora, mas não foi incluído na agenda oficial de nenhuma das duas autoridades.Segundo relatos obtidos pelo Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado, sobre o encontro, Levy explicou a Renan a necessidade de reduzir a meta deste ano, diante da acentuada queda na arrecadação e do quadro recessivo na economia. O governo federal deve enviar hoje um projeto que reduz a meta de 1,1% para 0,15%, em termos absolutos, de R$ 66,325 bilhões para R$ 8,747 bilhões.Renan disse a Levy que vai trabalhar pela mudança no Congresso. Em novembro do ano passado, o senador foi o principal fiador da mudança da meta de 2015, aprovada por deputados e senadores. Contudo, em 2015, ele se afastou do governo depois que perdeu indicados para postos chaves e passou a ser investigado na Operação Lava Jato. Nos bastidores, Renan acusa o Palácio do Planalto de ter atuado para inclui-lo no rol dos que estão sob apuração. O governo nega.Desde então, Renan tem sido um dos grandes críticos no Congresso Nacional do ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff, defendendo que o governo corte na "própria carne", promovendo a redução de ministérios e de despesas. Diante do rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo na semana passada, após a divulgação de uma delação premiada na operação Lava Jato, o governo convenceu-se de que Renan tem de ser o fiel da balança da governabilidade da petista. É uma repetição do que ocorreu ao longo de todo o primeiro mandato do governo Dilma Rousseff.Senadores da base aliada afirmaram que a mudança da meta fiscal de 2015, proposta mais cedo pelo governo Dilma Rousseff, é um "sacrifício necessário" a se fazer no momento. Segundo os parlamentares, a acentuada queda de arrecadação e a recessão econômica justificaram a iniciativa do Executivo de propor logo ao Congresso a alteração da meta fiscal. Eles afirmaram que, apesar das dificuldades, a proposta deve passar no Legislativo.Oposição. Mas Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, chamou de "absurda" a redução da meta do superávit primário do setor público para 0,15%. "Não acho boa a redução da forma nem do tamanho que foi feita", comentou. O peemedebista lembrou que o ano está sendo marcado por mais cortes no Orçamento e forte retração da atividade econômica.O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que a revisão para baixo da meta de superávit primário é mais uma prova da incapacidade do governo Dilma Rousseff de cumprir compromissos assumidos. Em nota, o tucano disse que a decisão decorre de "inúmeros e repetidos erros na condução da política econômica nos últimos anos". "A medida já era esperada e demonstra que, ao contrário do que havia sido divulgado pelo governo federal, o ajuste ainda é incerto e não será rápido. O cenário para os próximos anos é de um ajuste fiscal difícil e que exigirá um aumento do superávit primário ao longo dos próximos três anos", criticou Aécio. / COLABORARAM ERICH DUCAT, ISADORA PERON, DAIENE CARDOSO E DANIEL CARVALHO

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