PUBLICIDADE

Miséria no Brasil cai 27,7% no 1º mandato de Lula

Queda foi de 27,7% no período 2003-2006, superando a de 24,3% nos dois governos de Fernando Henrique

Por Nilson Brandão Junior e Marianna Aragão
Atualização:

A miséria no País caiu 27,7% no primeiro mandato de Lula, superando o recuo de 24,3% em todo o governo Fernando Henrique. Os dados são de levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apenas em 2006, um total de 5,9 milhões de pessoas deixaram de ser miseráveis, uma redução de 15% ante 2006, a maior desde 1987. O estudo também conclui que, desde 1982, as políticas de renda no País acompanham o calendário eleitoral: favorecem a população no ano da campanha e penalizam no seguinte.  Veja mais dados da pesquisa A fatia da população que vive em situação de miséria, que era de 35,16% em 1992 e de 22,77% em 2005, recuou para 19,31% em 2006. O levantamento considera em miséria os que vivem com renda per capita familiar inferior a R$ 125,00 ao mês, que, em 2006, somavam 36 milhões de pessoas no País. O cozinheiro baiano Robson Andrade dos Santos faz parte da parcela da população que deixou essa situação nos últimos anos. Em 2000, ele veio tentar a vida em São Paulo. ''''Vim atrás da cidade grande e de oportunidade, como a gente vê na novela'''', conta Santos. Depois de viver dois anos na casa de parentes em Heliópolis, maior favela de São Paulo, com uma refeição por dia, conseguiu emprego como auxiliar de cozinha. ''''Fui promovido e hoje sou cozinheiro.'''' Com o salário de R$ 630, alugou uma casa de dois cômodos e já a equipou com TV e DVD - tudo adquirido no crediário. Na avaliação do coordenador do trabalho, Marcelo Neri, o início do Plano Real e o ano de 2006 são marcos na redução da miséria no País. ''''FH e Lula vão ficar para a história como redutores da pobreza'''', comenta o economista. Os dados mostram que a queda da miséria no primeiro mandato de FH (1993 a 1998) foi de 23% e no segundo (de 1998 a 2002), de 1,7% . O levantamento também revela que nos anos eleitorais a pobreza caiu, em média, 7,6% e no ano seguinte subiu 3,7% . ''''No Brasil, isso evoluiu em sintonia com o calendário eleitoral. Entregam-se boas notícias antes das eleições'''', diz ele. Na avaliação de Neri, o ano de 2007 deverá ser tão bom quanto 2006 e isso quebraria a tradição de ''''más notícias'''' depois de anos de disputa eleitoral. Ele projeta, por exemplo, que a geração de vagas formais poderá superar a de 2004 (2,7 milhões). Os principais motivos para redução da miséría no País têm sido a melhoria do mercado de trabalho, programas sociais como o Bolsa-Família e os ganhos reais dos salários mínimos. Os dados também revelam que a pobreza extrema - que inclui os que vivem com menos de US$ 1 por dia - caiu 60% entre 1993 e 2006, mais rápido do que o exigido pelas Metas do Milênio, da Organização das Nações Unidas. A meta previa redução à metade da pobreza extrema em 25 anos - o Brasil alcançou o objetivo entre 1992 e 2005.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.